quarta-feira, 22 de abril de 2009


A EDUCAÇÃO DO MEU UMBIGO

Quando a história da governação do sr. Sócrates na instrução e educação em Portugal se fizer (com rigor, seriedade e modernidade), o estudioso terá de consultar o excelente blog de Paulo Guinote. Os textos aí produzidos, as notas valiosas de investigação, as ideias e propostas enunciadas - em defesa da Escola e da Instrução Pública - constituem um contributo insubstituível para entender o sistema educativo, a dimensão "político-pedagógica do profissional da educação", a profissão docente e a sua autonomia face ao Estado e às corporações de interesses, nesse período.

Contra a demanda irresponsável e a hostilidade reaccionária dos sábios da 5 de Outubro (e dos seus patrulheiros), o acervo documental que nos facultou Paulo Guinote (e um extraordinário grupo de docentes, que aí se reagruparam) é uma fonte imprescindível para entender os jogos do poder político, os (des)propósitos sindicais e revela o espírito que "exalta a vida" (Vaneigen), nessa afronta que a memória não esquecerá. O aprofundamento com que todas as questões foram analisadas e contraditadas, à revelia daqueles que venderam a alma (pedagogos e especialistas em eduquês), aliada à participação colectiva de vasto número de profissionais livres e libertos, estabeleceu uma rede de histórias notáveis e de respeito. O campo educativo, que as cabeças intelectivas à ordem do sr. Sócrates formatou, deixou marcas profundas e irreparáveis.

A Educação do Meu Umbigo saiu em suporte de papel. Auspiciosamente! Para facultar os espíritos deformados, para reclamar o exercício da liberdade e ridicularizar grotescos experts, para manter a memória. Como tal, indispensável.