sábado, 16 de setembro de 2006
Sol(e) mio ...
O regresso do arq. José António Saraiva às lides jornalísticas é uma saudade maior. A generosa prosa do arquitecto, afastado que está da ideia murmurada do Nobel, ressuscita a partir d'hoje no semanário Sol. O cidadão, mesmo que não espere nenhum milagre singular, agradece, tal o tédio e o desconchavo do actual Expresso. A virtude do jornal do dr. Balsemão, se é que alguma vez existiu, não dura sempre. E mesmo que o seu declínio político-cultural tenha começado já no tempo do arq. Saraiva, por muitas & variadas causas, a passagem de testemunho ao jovem Henrique Monteiro foi uma imensa e total cegueira. E que só o hábito e inércia de tantos anos recomenda a sua compra.
O embrulho do Expresso com DVD incluído, a súbita sedução por plataformas de blogs e fóruns, o cuidado presente na edição online, as profundas alterações ao corpo do jornal, constituem não apenas uma interessante mudança, que haveria de ser cumprida mais cedo ou mais tarde, mas pronuncia, principalmente, uma resposta enérgica à interpelação da concorrência. Só por isso o Sol está de parabéns.
E mesmo que o futuro venha a dar razão às objecções assinaladas pelo meu caro amigo Jorge Vasconcelos e Sá, como sempre demasiado absorvido na teoria dos jogos (que domina como ninguém mais) é possível que esta fase cinzenta, esfumada e pouco transparente que atravessa a imprensa dita de referência poderá, se os jornalistas do Sol nos surpreenderem, ser ultrapassada. Assim o esperamos. De todo.
[a reprodução, acima, é do nº 1 do antigo semanário (de Estudo e Critica dos Acontecimentos Internacionais) Sol, publicado em Lisboa a 19 de Junho de 1942, cujo editor e director foi A. Lello Portella. Custava 1 escudo. Bons tempos]