domingo, 7 de agosto de 2005
Chamas do nosso desvario
nós temos chegado ao fim de tudo. o fado deste país é andarmos a ser, desde sempre, administrados por criaturas banais. o discurso confiado na classe política é a perda na nossa dignidade. deputados ou ministros, jornalistas e cidadãos, todos nós estamos resignados. chorados. pagamos o tributo desde o óasis cavaquista, que nos desviou da lide agrícola em troca dos enfeites citadinos e da maravilha da sociedade de consumo. passámos prestáveis pela cobiçada aventurança guterrista que nos fez prostrar de joelhos no défice e no compadrio dos boys. encantamentos tivemos na apalavrada época barrosista, afinal protector de uns poucos para perseguição, sacrifício e desgraça de muitos mais. e que nos condenou para todo o sempre a sermos as ovelhas negras da União. sorrimos na desgraça do santanismo & da sua garotada, que o desastre era já ali. voltámos a ser fervorosos da saudade decente de querermos um governo digno, proveitoso, moralmente são. sem qualquer esperança tudo nos arde. incautos deparámos com novas humilhações. a nossa virtude é não termos virtude alguma. sermos rascas. delicadamente grosseiros. a censura não passa, nunca, por aqui. está sempre noutro lado. estamos, decisivamente, embaraçados. assombrados de miséria.