quarta-feira, 22 de junho de 2005
JOÃO CARLOS ESPADA ... ATERROU NA PORTELA!
"Vamos ver o povo / Que lindo que é / Vamos ver o povo / Dá cá o pé /
Vamos ver o povo / Hop-lá / Vamos ver o povo / Já está" [M. C. V.]
O professor Espada, depois de sair da mesa bem aparelhada do Athenaeum, onde a perigosa culinária francesa impera, e após fugidia passagem pela sua copiosa biblioteca em busca de Popper, regressou ao bulício de Lisboa para estudar o povo indígena. Há dois meses que os almoços e jantares nos gentlemen's clubs da pátria de Tony Blair o tinham deixado derreado e com peso a mais. A saudade da mãe pátria - e a fragrância do suor nativo - não lhe largava o pensamento e nem mesmo o jantar último na High Table o demoveu desse admirável social work. Lisboa esperava-o. Radiante e de braços abertos.
Em Lisboa, o arrastão de Carcavelos, a escadaria do Tavares, o sigilo fiscal, o chá-dançante do Expresso, os santos populares, o Tejo e o filósofo Carrilho, fizeram, por mais que uma vez, que vacilasse nessa aventura no continente. Doravante os artigos inteligentes do colunista de Oxford, na sua robustez intelectual & antiguidade liberal, passam a ser assombrados por esses escolhos da razão e, evidentemente, pelas memórias de outros temerários tempos, em boa hora derribadas por santas mãos. Eis o que se lê na sua pregação semanal, in Expresso último. Inolvidável!
Curiosamente, o professor João Carlos Espada, que tem um curriculum invejável (mas não completamente alinhavado) começou a palpar as sebentas universitárias com a profana idade de 32 anos, o que suscita a questão de saber onde a invulgar criatura liberal andou agasalhado. A sua biografia académica é avara nessa caridosa recordação. Ora o edifício Espadiano não ficará virtuoso sem alguns acrescentos à sua copiosa biografia. Não há ventura sem biografia. Nem história sem fim de mi(ni)stério. Hic Espada, hic salta!
"... João Carlos Espada [«Lima»] foi membro efectivo do Comité Central do PCP(R) desde a fundação do partido. Director do «Voz do Povo» e ex-chefe de redacção do jornal «Bandeira Vermelha», órgão central do PCP(R). No processo de preparação do 3º Congresso pertencia à Comissão de Redacção do projecto de resolução sobre o balanço da actividade partidária. Militante comunista há oito anos ..." [in Voz do Povo nº 245, 19 de Abril de 1979 - no ano da graça & governação do doutor Mota Pinto]
"... Estamos seguros (...) que ele [processo de demissão no PCP(R)] será compreendido por muitos autênticos comunistas do PCP(R) que não darão o seu aval à política cisionista empreendida pela «maioria» (...)
Desde já podemos afirmar que não nos candidataremos a novos Messias do proletariado. O nosso objectivo principal da nossa demissão é travar o processo cisionista do CC, impedir essa farsa e contribuir por todos os meios ao nosso alcance para a reunificação a curto prazo dos comunistas agora divididos ..." [João Carlos Espada, ibidem - momento celestial onde o futuro professor revela, para lá do pleno domínio conceptual da linguagem operária, essa luta contra a contrariedade que era a refundação do PCP. Em 1979, em gemidos eternos]