sexta-feira, 8 de abril de 2005


[Francisco de Sá Carneiro - 31 anos atrás]

"... O programa básico do nosso Partido, há dias aprovado no Congresso, confirnou e tornou claro o carácter social democrático da via que preconizamos para a resolução das contradições e desigualdades da sociedade portuguesa (...)

O socialismo democrático que propomos é um desafio constante à participação activa de todo o Povo e apenas à dedicação dos nossos militantes.
É isso a social democracia: realização de socialismo em liberdade segundo a cadência de reformas determinada pelo voto popular, para a construção de uma sociedade liberta da exploração e da lei do lucro (...)

Nem se diga que a social democracia é incompatível com o nosso atraso. Este é real, sem que por isso a nossa situação deixe de ser muito superior à dos povos peruano ou cubano, por exemplo.
Mas a experiência da Europa mostra bem como é falso afirmar que a social democracia só é possível em países desenvolvidos.
Os países que o são hoje graças a regimes sociais democratas não o eram quando tomaram resolutamente a via do socialismo democrático (...)

A Noruega, a Dinamarca, a Finlândia, a Islândia, em parte a Áustria, não eram, nessa altura, países industrialmente desenvolvidos, com indústrias pesadas e ligeiras poderosas. A própria Suécia só o era em medida limitada (...)

Tais países não tinham, obviamente, há 30 ou 40 anos um nível cultural muito superior ao que Portugal tem hoje; nem eram grandemente desenvolvidos e industrializados; passaram a sê-lo com governos sociais democratas ..."

[Excerto do discurso de F. de Sá Carneiro, Porto, 29/11/1974, in Notas Complementares de Introdução à Política, ed. Comissão Concelhia do Porto do PPD, Fev. 1975]