quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005


Teófilo Braga [n. em Lisboa, 24 Fevereiro 1843-1924]

"... O Theofilo conhece o estado da miséria intellectual d'esta nossa terra, e é um dos que mais a lastima, sendo, até certo ponto, uma victima illustre d'ella. Temos resolvido, eu e alguns rapazes novos e independentes (dos quaes o Theofilo conhece, por exemplo: Eça de Queiroz, Adolpho Coelho, Manuel de Arriaga, Oliveira Martins, José Falcão, Batalha Reis, respondendo eu pela seriedade dos outros, que não conhece) abrir em Lisboa uma sala de Conferencias livres, livres em todo o sentido da palavra, não frequentada por convidados da litteratura, mas aberta a toda a gente, e de todos as condições, aonde se tratem as grandes questões contemporâneas, religiosas, politicas, sociaes, litterarias e scientificas, n'um espírito de franqueza, coragem, positivismo, n'uma palavra, com radicalismo (...)
Temos um programma, mas não uma doutrina: somos associação, mas não igreja: isto é, liga-nos um commum espírito de racionalismo, de humanização positiva das questões moraes, de independência de vistas, mas de modo nenhum impomos uns aos outros opiniões e idéas, fóra do ambito marcado tão largamente á nossa unidade por esse commum ponto de vista (...)
Serve-lhe isto? E podemos contar com o Theofilo? Podemos - já - contar com o seu nome ao lado dos nossos; e - de futuro, quando puder ou quizer - com a sua voz entre as nossas? ..."

[Antero de Quental, Carta a Teófilo Braga, in Arcas, Coimbra, 1921]

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