quinta-feira, 6 de janeiro de 2005
Revista Almanaque
Almanaque, revista de Lisboa sob o patrocínio de J. A. de Figueiredo Magalhães "proprietário da Editora Ulisseia" [Daniel Pires, in Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX, 1900-1940, Edições Grifo, que seguimos doravante], com 18 números publicados, entre Outubro de 1959 a Maio de 1961. Teve no seu conselho de redacção, Cardoso Pires, Sttau Monteiro, Alexandre O'Neill, Baptista-Bastos, José Cutileiro, Augusto Abelaira, arranjos gráficos de Sebastião Rodrigues, João Abel Manta, fotografia de Armando Rosário, Eduardo Gajeiro, Mário Novais, João Martins e João Cutileiro, desenhos de Abel Manta, Câmara Leme e Pilo da Silva. Revista literária de assinalada importância na vida social e cultural de então, constitui no dizer de Daniel Pires, "uma radiografia rigorosa dos acontecimentos que marcaram a época". Convém referir que a maioria dos seus artigos não eram assinados e só o testemunho de alguns e a recordação de outros permite fazer o seu registo. De entre a colaboração prestada refira-se: Vasco Pulido Valente (vide artigo da Kapa nº1), Carlos de Oliveira, Eugénio de Andrade, José Gomes Ferreira, Palla e Carmo, Reinaldo Ferreira, etc..
"Um almanaque, dizem as enciclopédias, é um livrinho de calendário, bem medido e matérias várias de instrução e recreio, tábuas, coisas de todo o gosto, etc., etc., etc. (...)
Almanaque, não se sabe bem porquê, tem um certo sabor a ornato, a antiqualha e a papel amarelecido. Cheira a naftalina e anda salpicado de provérbios muito conselheirais, que se contradizem uns aos outros, e de anedotas de soldados que não conhecem a mão esquerda.
Ora, este almanaque é um verdadeiro irreverente dessa gloriosa família de anciãos. Vem ao gosto moderno, segundo a «linha 1959», trata por tu o teatro de Beckett e Ionesco, os escritores da Beat Generation, os Pat Boone ou os Georges Brassens, os íntimos de Françoise Sagan e as verdadeiras causas do caso Pasternak. Só não conhece os segredos sos painéis de Nuno Gonçalves, mas há-de chegar lá um dia (...)" [in Almanaque, nº1, Outubro de 1959, em nota de abertura]