terça-feira, 11 de janeiro de 2005


Nos 80 anos passados da morte de António Sardinha [10/01/1925]

"... o Amadis é o espelho cristalino da profunda natureza lírica da nossa raça. A delicadeza do seu coração não exclui das práticas vigorosas de cavaleiro intemerato. Lembremo-nos de que, sendo estruturalmente lírico o génio português, não deixamos de ser por isso um povo de acção, - um ninho permanente de descobridores e de navegadores. A nossa epopeia que, além de nacional, é cheia de universalismo em relação ao sonho inquieto da Renascença, por quem foi concebida e escrita, senão por um lírico? O que é o mito supremo do Encoberto senão uma condensação colectiva de lirismo? (...)

(...) E, transmitido dos Cancioneiros ao Amadis, prolonga-se em inolvidáveis criações literárias da Menina e Moça à Diana, de Jorge de Montemor ..."

[António Sardinha, "Um romântico esquecido", in Nação Portuguesa, IV Série, tomo I, 1946]