segunda-feira, 12 de julho de 2004
Pablo Neruda (1904-1973)
n. no Parral (Chile) a 12 de Julho de 1904
"... As pessoas atravessam o mundo na actualidade
quase sem recordando que possuem um corpo e dentro dele a vida,
e há medo, há medo no mundo das palavras que designam o corpo,..."
[P.N., in Ritual da Minhas Pernas]
"... licenciado, ingressa na carreira consular e a folha oficial nomeia-o par a Birmânia. Aí escreverá grande parte da famosa Residência en la tierra, experiência maior que se oferece à discussão - ainda hoje - dos pesquisadores de ressonâncias surrealistas (...) Será em Buenos Aires que ele conhece pessoalmente Lorca.
Esta vivência espanhola, coincidente grosso modo com a guerra civil, aprofunda a viragem de Pablo Neruda em direcção à temática social, viragem para a qual já arrancara, mas que é sedimentada agora pela proximidade da luta. Leia-se como exemplo a Tercera residencia (1942), e principalmente os poemas de España en el corazón, ali incluídos depois duma publicação autónoma em 1937. Dessa época há a recordar ainda a co-organização, com Aragon e outros, do Congresso dos Escritores (Madrid, 1937), e a direcção duma revista, Caballo verde para la poesia, onde colaboram os principais nomes engagés da época ..." [Fernando Assis Pacheco, in Prefácio à Antologia Breve de Pablo Neruda, Cadernos de Poesia, D. Quixote, 1969]
"Eu rio-me,
sorrio
dos velhos poetas,
eu adoro toda
a poesia escrita,
todo o orvalho,
lua, diamante, gota
de prata submergida
que foi o meu irmão de outros tempos
acrescentando à rosa,
mas
sorrio,
dizem sempre «eu»,
a cada passo
sucede-lhes qualquer coisa
e é sempre «eu»,
pela rua
só eles andam
ou a doce amada,
mais ninguém,..." [P.N., in O Homem Invisível]