quarta-feira, 2 de junho de 2004


Marquês de Sade [1740-1814]

n. em paris a 2 de Junho de 1740

"... As aventuras sádicas não são fabulosas: passam-se num mundo real, contemporâneo da juventude de Sade, ou seja na sociedade de Luís XV. A armadura social deste mundo é brutalmente sublinhado por Sade; os libertinos pertencem à aristocracia ou mais exactamente (a maior parte das vezes) à classe dos financeiros, tratantes e prevaricadores, numa palavra, os exploradores, enriquecidos a maior parte deles nas guerras de Luís XV e nas práticas de corrupção do despotismo.
Produz-se todavia um paradoxo: as relações de classe são, em Sade, ao mesmo tempo brutais e indirectas enunciadas conforme a radical oposição explorador-explorado, essas relações não passam para o romance como se se tratasse de as descrever a título referencial (foi isso o que fez um grande romancista «social» como Balzac); Sade pega nelas de modo diverso: não como um reflexo a pintar, mas sim como um modelo a reproduzir. Onde? Na micro-socieade dos libertinos; esta sociedade é construída como uma miniatura, uma maqueta; para ali transporta Sade a divisão de classe; de um lado, os exploradores, os possuidores, os governantes, os tiranos; do outro lado, o povinho..." [in pref. A Filosofia na Alcova, Edições Afrodite, 2ª ed.]

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