sábado, 5 de junho de 2004


Adam Smith [1723-1790]

n. em Kirkaldy a 5 de Junho de 1723

"... A Riqueza das Nações apareceu ... nos fins de 1775 e princípios de 1776 (...) A 2ª ed. de 1778 não oferece senão ligeiras diferenças quanto à 1ª; a 3ª de 1784 tem importantes adições e consta de 3 volumes 8º. A 4º e a 5º são reproduções da 3ª e saíram respectivamente em 1786 e 1789 (...)
Na língua portuguesa foi apenas publicado, com a nota de ter saído em 1811 da impressão régia do Rio-de-Janeiro, o «Compêndio da obra da Riqueza das Nações de Adam Smith traduzida do original inglês por Bento da Silva Lisboa, oficial da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra» (...)
Quanto à influência de A Riqueza das Nações nos economistas portugueses, exerceu-se, sem dúvida; mas, considerados os estudos destes logo a seguir à leitura daquela, fica-se com a impressão de que semelhante influência foi indirecta, através de economistas de outros países, sobretudo franceses.
Nenhuma tradução de A Riqueza das Nações existe em língua portuguesa. O livro saído em 1811 a que já nos referimos. da iniciativa de Bento da Silva Lisboa, é apenas um resumo dessa obra ... Por outro lado, havendo na obra de Smith apreciações sobre Portugal ... seria inexplicável o silêncio dos nossos economistas se nelas tivessem feito reparo. Esse silêncio não pode ter sido nem por menos patriotismo nem por menos ciência. É olhar ... ao grupo que escreveu as Memórias Económicas da Academias Real das Ciências de Lisboa, publicadas de 1789 a 1816, e o grupo de portugueses residentes em Paris (com Solano Constâncio à frente) que sustentaram naquela cidade a revista Anais das Ciências, das Artes, e das Letras, de 1818 a 1822.(...)
Outra circunstância a notar. Nunca no ensino público em Portugal foi a obra de Smith adoptada para texto ou base de lições, ao contrário do que sucedeu ... plano de estudos nas Universidades de Espanha em 1807. O primeiro compêndio entre nós organizado foi o do Dr. Manuel de Almeida em 1822, que é uma amálgama tirada de vários economistas estrangeiros como Sismonti e Herrenschwand; a seguir vieram as Instituições de Economia Política do Dr. Ferreira Borges, que são uma adaptação do Curso de Economia Política de Henrique Storch. Tudo indica, pois, que a influência de A Riqueza das Nações nos nossos economistas foi indirecta. (...) Nas duas edições de catálogos da livraria de Adam Smith não se descobrem senão referências a estudos de dois [trabalhos de escritores] portugueses. Um é o livro Ensaio da Circulação e do Crédito, publicado em francês em 1771 por Isaac Pinto, filho de judeus portugueses expulsos de Portugal. (...) a 2ª edição do catálogo da livraria de Adam Smith ... vem compreendida a obra de D. Jerónimo Osório, bispo de Silves - History of the Portuguese during the Reign of Emmanuel, containing all their discoveries from the Coast of Africa ..., London, 1752. É das informações dessa obra que deriva a afirmação de Smith de que o comércio externo de Portugal é o mais antigo que o de qualquer dos outros países da Europa, excepto a Itália ..." [António Lino Neto, in Adam Smith Fundador da Economia Política, Lisboa, 1936]