domingo, 15 de fevereiro de 2004
Prémios Literários
Portugal é um país literário, uma corrente d'escrita ou cais de merendas profundo, rebrilhado de aguarelas perfumadas, palavras rutilantes, uma prosa e um estilo a "falar com o mundo”". Somos todos altíssimos poetas. Nem mesmo o mistério da festa dos prémios nos pode surpreender. Entre os indígenas lusos um reconhecimento literário é a consagração de todos nós. O carinho que a carpintaria das letras nos oferece, e que o aplauso dos facundos críticos nos recorda, não permite cair na indigestão literária.
As aclamações da turba dos jornais à vencedora da 1ª edição do Casino da Póvoa, a escritora d'O Vento Assobiando nas Gruas, ou a Coroa de Ouro do Festival de Poesia de Struga atribuída ao bardo nacional Graça Moura, impressiona a alma portuguesa. A opulenta faculdade do génio luso consagrada em terras da Macedónia, pelo ferventíssimo poeta onde nunca a rima falta, é justa porque admirável. Em verdade, ficámos comovidos por antever a extraordinária fortuna de se ler Graça Moura em macedónio. Quiçá, mais tarde, qualquer autóctone poderá albergar com entusiasmo as prédicas literárias de Santana Lopes, as conversas em família de Durão Barroso, as orações aos mancebos do seráfico Portas ou as especiosas afirmações de Alberto João. Aplausos! Quanto à escriba de Boliqueime, Lídia Jorge, novo meteoro a bruxulear no horizonte literário, confessamos que não nos adoça os infortúnios. Estamos de alma e coração com o velho Bastos. Aquele! ali em cima, a contemplar-nos. E por aqui nos fechamos. Todos nós. Basta de mau gosto!