sábado, 14 de fevereiro de 2004

Em dormência: por motivos de saúde o Absurdo faz uma pausa. Regressa em Março. Para nos beijar. Que um poeta "beija a própria boca". Nós restamos na espera. Até lá, as rápidas melhoras.

Resnais na Retorta, e há quanto tempo o não víamos ... Deus meu. O Ano Passado em Marienbad, um "amor insatisfeito", "um sedutor insinuante", "um apaixonado vencido" [Serafim Ferreira, pref. a O Ano Passado em Marienbad, de Alain Robbe-Grillet, Início, 1967] Falta de facto mais alguma coisa em O Ano Passado em Marienbad? Poderá existir este hotel? Poderão existir realmente estas pessoas? E efectivamente, tudo pode existir … "(ibidem)


Santana Agraciado

"E eu que não digo / eu que não deixo /eu que mim migo / só pelo queixo" [MCV]

Temos, agora, depois da benzedura da Agustina, o júbilo do fugaz Portas e a devoção de Alberto João, o negócio resolvido. Santana Lopes, afiou a língua, e quer ganhar "as presidenciais", ande ou não o prof. Cavaco a lançar livros no dia internacional das mulheres. O que mais importa, diz o exaltado Lopes, é "unir PSD e CDS/PP". Contrariando a máxima que "são ínvios os caminhos da verdade", o homem gatinha no primeiro jornal que lhe aparece, esperando os aplausos das almas laranjas. O sentimento é claro: ou Barroso faz o panegírico do novo candidato ou irá contorcer-se sob um montão de areia ... governamental.

Blog de Esquerda ... Mágico

A rapaziada noviciada do Blog de Esquerda enveredou pela milícia activa em assuntos esotéricos, tendo o admirável Luís Rainha granizado erratas e encenações em torno do Caso da Boca do Inferno, a pretexto de um artigalho de Pedro Mexia, presume-se por falta de fé pessoana. Ao que nos é dito, a tramóia entre Crowley, Pessoa & amigos não seria mais que uma tentativa de evitar as nádegas de senhoras mal benzidas pelo mago negro, ou quanto muito para iludir as cantilenas dos credores. Ora, este insubmisso exercício coreográfico entre o vate Fernando Pessoa e um obreiro da Golden Dawn assim escarranchado em posta no Blog de Esquerda, fez sorrir. Nunca se tinha visto tamanha vigília face à obra pessoana desde os escritos memoráveis do saudoso Gaspas, ou a magia do défice de Ferreira Leite. O furor da posta nos meios iniciáticos lusos, pela intuição intransponível de Rainha nos desígnios do oculto, despertou a mais viva comoção. Afinal, se não fosse o Rainha que seria de nós?