sexta-feira, 6 de fevereiro de 2004
ANOTAÇÃO SOBRE O MARTINISMO
[Pascoal Martins] "era um hebreu português foragido em França, onde reorganizou o kabalismo maçónico (Lojas em Bordéus, Marselha, Tolosa) (1760) e Paris (1768) tendo, segundo J. Bertrand (L'Occultisme Ancien et Moderne, Paris 1900) como discipulos principais Van-Loo, Saint-Martin e Bacon de la Chevalerie. Ao principio algumas tradições maçónicas não ligaram importância ao movimento. É o que se deduz da Biblioteca Maçónica, dedicada aos Orientes Lusitano e Brasiliense por um Cav. Rosa-Cruz, pag. 118, 1º vol. Em França parece que só se conhece o 1º volume desta rara e interessante publicação, dando-se como único publicado. Possuímos os quatro volumes publicados em França, os três primeiros em 1840 e o quarto em 1834 (o que supõe outras edição, tendo o quarto servido a bastas iniciações)
O Martinismo ainda hoje se mantem espalhado por toda a América e Europa (...) Gil Eanes ou Gil Rodrigues de Valadares andou imerso e apagado no agiologios até a aspiração romântica de Almeida Garrett (D. Branca e Viagens na Minha Terra). Fidelino de Figueiredo reduziu-o a uma interpretação naturalista (Serôes vol. XIII), António Correia de Oliveira criou-lhe uma aura panteísta (Tentações de S. Fr. Gil), o dr. Teófilo Braga reevoca-o num poema, encarnando sedentamente o platonismo (Fr. Gil de Santarém). A ementa agiologica pode ver-se nessa obra. José Pereira Sampaio aborda-o rapidamente (...) Goethe abordou a tragedia da psicose magica porque era um iniciado (...) Depois de ter recebido a iniciação em Francfort o grande dramaturgo estudou, dirigido po M.elle de Kletenberg, o Opus Mago-Cabalisticum de Weling, a Áurea Catena Homeri e as obras de Paracelso, da Agripa, etc. Os hermetistas alemães chamam ao Fausto, o Livro dos Sete Selos (Das Buch mit Sieben Siegeleng)
(...) De Dom Francisco Manoel foi publicado com as licenças da Inquisição o «Tratado da Sciencia Cabala» (1724) em edição póstuma. É um estudo rudimentar mas curioso (...) O Visconde Miguel Maria de Figanière, autor do Mundo, Sub-Mundo e Supra-Mundo, que Inocêncio não cita, primo co-irmão de Serpa Pinto, a quem dedica esta obra, pela afinidade das suas convições teosóficas, é pouco menos que ignorado em Portugal. (...)
[João Antunes, in nota de pé-página (p. 127) de Oedipus A Historia e a Filosofia do Hermetismo, Lisboa, 1917]