sexta-feira, 29 de junho de 2007
O Estado sou eu!
O administrador da saúde indígena esmaga-nos de lições democráticas. O dr. Correia de Campos, para aliviar o espírito sentimental de funcionário zeloso de todos os paroquianos, entende sem qualquer reserva mental que ele próprio é o Estado. E com tal pensamento régio na alma, o portentoso Ministro, com obsequiosidade quixotesca, declara formalmente que todos e cada um dos seus subordinados têm que higienicamente e a bem da Nação prestar-lhe vassalagem.
Concordamos absolutamente com o "tom jocoso" com que o sr. Ministro nos brinda. E prometemos, doravante e para todo o sempre – nós, que até já entrámos, atordoados, num SAP e de lá saímos enfastiados – não mais vociferarmos durante o expediente, nunca mais grasnar sobre o misérrimo estado das instituições de saúde e, com paixão fervorosa, transportarmos na carteira de todos os dias, a foto de sua Excelência o dr. Correia de Campos. A felicidade de trazermos essa colossal figura no bolso de trás das calças é, seguramente, uma emoção inolvidável. E, se for caso disso, estamos dispostos, mesmo em horas de serviço, a encher o Terreiro do Paço, em desagravo ao sr. Ministro, como nos bons e saudosos tempos do dr. Salazar. De muita memória!
... Ainda a Educação!
São conhecidas as inenarráveis trapalhadas produzidas pelo Ministério da Educação de Maria de Lurdes Rodrigues. É penoso acompanhar toda a tragédia que se abateu sobre a educação e o ensino. Nem mesmo a turba dos fiéis seguidores da sra. Ministra (em troca de quê, resta saber) a consegue silenciar. Quando se fizer a história da educação neste período, conseguiremos ver melhor as razões porque as corporações com assento nalgumas ESE e, principalmente, no ISCTE, derrubaram abundantes lágrimas de prazer pelas espantosas medidas tomadas e as práticas exercidas. É que, para além do abraço partidário (de que muitos se afastam por vergonha pedagógica e democrática), ainda assim compreensível num país atrasado e subserviente, resta pouco para explicar a não ser a cumplicidade carreirista (ou outra) que lhe pode estar ligada.
Eis, portanto, um excelente começo de trabalho para o curioso & empenhado Miguel Abrantes, sempre tão lesto e extremoso contra as vaidosas corporações que tudo invadem. E como conhece, como poucos, o espírito elevado desse raminho de fiéis defuntos da educação e do eduquês, decerto teremos um alumiado produto de cidadania para os indígenas.
Regressemos à educação e ao seu ministério. Será fastidioso enumerar os erros, o desvario e a insensibilidade das medidas tomadas por este ministério. Desde a controversa revisão do ECD, que desorganizou - como nunca se tinha visto - o poder científico e pedagógico dos docentes; passando pela ruinosa gestão curricular (encetada pelo suspiroso e vaidoso David Justino); continuando pela inconstância das medidas a tomar face à autonomia das escolas e à sua gestão (sinal disso é a inaudita tentativa de passagem do corpo não docente para a autoridade das câmaras, ficando os docentes debaixo da supervisão do órgão de gestão ou da tutela. Não deixa de ser curioso o assumir a existência de dois poderes dirigentes paralelos na escola, o que revela que o ministério não compreende a especificidade do território e da cultura escolar); até a impressionante trapalhada dos exames, com a culpa a morrer solteira (logo neste ministério tão célere em punições aos putativos "prevaricadores", como no caso Charrua) e com a maior falta de respeito pelos alunos e encarregados de educação.
Tudo isso questiona a linha orientadora, o rigor e os métodos de trabalho do ministério. Até quando tais estratégias de implosão das escolas e do sistema educativo irão permanecer, será pura adivinhação. As corporações têm o seu ciclo de vida próprio, enquanto a estratégia político-partidária obedece ao movimento das sondagens de opinião e às diversas clientelas. Saber e conhecer as relações de poder que neste momento se perfilham nesta atmosfera conflituosa, é um exercício intelectual atractivo mas, convenhamos, não muito estimulante. Até lá, a sobrevivência da instituição escola não é de grande tranquilidade.
Uma última nota. Entre as numerosas "dissidências" face ao discurso governamental observado, que tem deixado sequelas várias no campo dos especialistas em educação registemos pela sua importância esta. O dr. José Manuel Silva é de grande seriedade e competência no debate sobre o sistema educativo e, por isso mesmo, será conveniente seguir o que nos vai dizendo.
quarta-feira, 27 de junho de 2007
E o dr. Mega Ferreira ... fica-se?
O comendador Berardo anda irritado, porém muito satisfeito. Deslumbrado pelo amor filial com que os indígenas lusos o afagam, o ex-amigo de Pieter Botha, julga até que já chegamos à antiga África do Sul. Comichoso como poucos, Joe Berardo, o génio que nasceu pobre e pobre de espírito morrera, emporcalhou em poucos minutos o bom-nome de Mega Ferreira. Que - diga-se desde já - andava a pedi-las. As ridículas companhias da área da governação com que é visto e por quem servilmente bajula lugares e tachos levam, quase sempre, a cenas deprimentes. Como é o caso. E o dr. Mega Ferreira nem precisava de se meter com gentinha dessas, para fazer o que sabe bem: escrever.
Mas, aparecer agora o putativo visionário Berardo em despautérios brejeiros, ultrapassa a mera irritação de um qualquer mortal. Joe Berardo é rico e mal agradecido. O ser portador de algum génio obscuro ou ter a inteligência de xico-esperto, não lhe permite a retórica soez com que brindou o dr. Mega Ferreira ontem aos microfones da SIC. Mega Ferreira pode ser pouco cerimonioso, pode andar espalmado entre os dedos do dr. Costa, pode mesmo ser uma bisonha figura, mas não consta que precise de tratamento psiquiátrico, como o estridente Berardo insinuou. O mesmo não se dirá do comendador, que todas as semanas cria factos políticos e sociais retumbantes, para ver e ser visto. O senhor Berardo esquece que nesse papel, o eng. Sócrates & Cia é bem melhor. Alguém - um qualquer spin doctor acofiado – o deveria esclarecer. Porque em matéria de educação e gosto, ou falta dele, sobre Berardo estamos conversados.
Nisto tudo, fora a maldade que corre, a questão é só uma: o dr. Mega Ferreira ... fica-se? Poderá ser?
Tony Blair ... acidental
Por capricho cego de um denominado Quarteto - composto pelas almas penadas do irmão americano e a autorizada ONU, mais a inexperta UE com a encostada Rússia de permeio - o sr. Tony Blair, agora "desempregado" da Downing Street, irá ser "nomeado enviado especial para o Médio Oriente, com uma missão centrada na reforma económica e política palestiniana”. Sabe-se bem como em política do Médio Oriente, o companheiro Tony sabe enfiar bem o pescoço na trela daqueles indígenas. O Iraque, o prova. Fica, deste modo, feita a homenagem para a aposentação do criado de quarto do sr. Bush & Barroso.
Pelo que dizem, o camarada Putin reconhece as virtudes do homem. E, a União Europeia, por efeito óptico barrosista, jura pelos bons costumes civilizacionais, que o criminoso de guerra Blair será prestimoso e servil. Esperem só o olhar materno - amanhã no Público – da sra. Teresa de Sousa para imaginar o idílio que por aí virá.
Com toda esta mediação, os socialistas portugueses comovem-se. Na falta de assunto ou agenda política interna para debate, qualquer Tony os fertiliza. Ou fecunde, que dá no mesmo. Quando as flores murcham aqui na paróquia e o envasamento democrático roça a perfídia, qualquer Tony parece assombrá-los. Esquecem que, na verdade, cá pelo burgo temos, também, o nosso pequeno Médio Oriente. Inexplicavelmente ... anda clandestino. Até ver!
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Max Stirner [m. 25 Junho de 1856]
"Canto porque ... sou um cantor. Mas uso-vos para isso, porque ... preciso de ouvidos" [Stirner]
"A publicação de O Único e a sua Propriedade em 1844 caiu como um relâmpago no meio da agitação de Berlim. O seu autor, Max Stirner, faz aí o anúncio de que Deus morrera, segredo que se procurava manter oculto a toda a custa e que Nietzsche repetiu estentoricamente, com bem mais sucesso. Mais grave ainda, como Sade antes dele avisa que, desaparecido o Senhor dos senhores, já não reconhece mais nenhum. A euforia que se seguira à revolução estava a ser dissipada pela seriedade do Estado, do povo ou da humanidade. Radicalizando o contrato moderno Stirner não reconhece outra soberania que não a do único, que se nega a cedê-la ou transferi-la para o Estado. Não é loucura pôr-se em pé de igualdade com o Estado ou a Humanidade, confrontá-los numa guerra de corpo a corpo?
(...) Durante muito tempo Stirner só foi lido clandestinamente. Uma espécie de maldição assinalou este livro. A censura da época bem hesitou, sem saber que fazer dele. Para o primeiro censor, que proibiu a sua publicação, era uma obra de barbárie, que atacava todos os valores, e se arrogava direitos absolutos sobre a propriedade e a vida. Criminoso, portanto. Para o Ministro que autorizou a publicação era um livro 'demasiado absurdo para ser perigoso'. Louco, portanto. Acima de tudo é um livro que sempre resistiu à leitura, que parecia exceder a todas. Quando a revolução se tornou questão de futuro opõe-lhe a revolta permanente para impedir que a que já tinha ocorrido se estabiliza e estiole. Quando o Estado liberal se procurava implantar timidamente, faz uma crítica demolidora do direito. Quando o comunismo de Marx começa a demolir o liberalismo, sustenta que a comunidade perfeita e o 'Homem' são a forma culminante da servidão. Para Stirner são tudo formas de dominação. Stirner descobre que a dialéctica hegeliana do senhor e do servo mais do que chegar ao fim, tornando todos senhores, desembocou antes numa dominação psicotrópica, em que são os próprios indivíduos que ficam obcecados, fascinados, entusiasmados, com os espectros que os possuem. Muito antes da análise das perversões por Freud, da crítica do espectáculo ou da economia do entretenimento já Stirner estava a construir as primeiras armas para o combate ..."
[José A. Bragança de Miranda, in Acerca de Stirner - sublinhados nossos]
sábado, 23 de junho de 2007
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V. Excia gostaria de dar cânticos de idolatria ao camarada eng. Sócrates, tão bem como os faz o outorgado Joe Berardo, mas vacila no sortimento do som que V. Excia quer harmonioso e preparado? V. Excia que não distingue a modulação criativa de um Augusto Santos "Chávez" do efeito de surdina de um Silva Pereira, mas gosta do ritmo e métrica do sr. Teixeira dos Santos e está enlevado pelo som de circunstância do eng. Mário Lino e a sinfonia instrumental do sr. Van Zeller? V. Excia ainda se recorda dos bons tempos em que o camarada Alberto Martins trauteava melodias anti-fascistas, mas pretende habilmente reconverter-se ao liberal-socratismo e ao novo totalitarismo, esse noviciado virtuosismo socialista tão de agrado da canalha lusa, entrando no Canto Coral do Largo do Rato? V. Excia tem erecções democráticas com instrumentos de sopro e alucinações colectivas quando ouve o Canticum Sacrum Socratis ad honarem Socialismus nominis, mas teme a técnica dodecafónica do sr. Manuel Alegre e não vocaliza com a harpa do jogral Soares-pai?
... então não hesite. Os novos acessórios para coligir reportórios à governação, rapsódias ao dr. Cavaco e serenatas intocáveis no Largo do Rato estão chegando: Columbia "a que vence e convence". Não haverá guitarreiros tão afinados como V. Excia. Compre já!
Lisboa: todos bons amigos!
A lamúria entre os putativos candidatos à Câmara de Lisboa, esta semana no debate na SIC, foi de partir a alma ... alfacinha. Nos espíritos delicados da confraria televisiva, após construção de solenes cenários, o abismo e a miséria que é hoje Lisboa deixará, por intermédio desses beneméritos, simplesmente de existir. A oratória foi tão esmolada, o tom suplicantemente milagroso apresentado foi de tal forma encenado, que deu para entender que aquelas sumidades nunca puseram os pés em Lisboa. Aliás, ninguém parece saber quem governou Lisboa nestes tenebrosos anos.
Sobre o debate, a curiosidade de se assistir ao postulante dr. Costa a esgrimir contra o casto Ministro Costa, é coisa de não se ver todos os dias. O dr. António Costa, sem qualquer graça, chamou para felicidade dos indígenas e para por ordem à urbe o providencial Ministro das Finanças, que como se sabe é tão generoso como a dra. Ferreira Leite. E, modernaço como se supõe, falou no dito "simplis". Na abundância, fez a chamada ao sr. Manuel Salgado. Só visto!
Fulminados ficámos com o rapaz empertigado do PP, de nome Telmo, que avança com o luzimento de querer acabar com os boys em serviço ao lixo e higiene da cidade. Providencialmente, mostra-se piedoso com os idosos e a canalha. Um must! O sr. Fernando Negrão surge em sofrimento resignado e, de tal forma, que não se lhe tira uma única ideia para a cidade, por muito que se esforce. O dr. Negrão expirou, só que ainda ninguém lhe disse. Por último, o dr. Carmona um dos coveiros da cidade, anunciou que no se passa nada por lá. A imaginação deste castiço edil é fascinante. Os escrivães da fazenda indígena agradecem tais ínclitos candidatos. Em Lisboa são todos bons amigos. Disse!
O camarada Saldanha Sanches
"Os meus olhos já serviram / de tochas a alumiar // agora são garrafinhas / de tirar água do mar" [Quadras Populares]
As nossas posições sobre o camarada António Costa são as do Partido Socialista do Governo, perdão ... digo ... "As nossas posições sobre o camarada José Estaline são as do Partido Comunista da China"
[José Luís Saldanha Sanches, entrevista à Vida Mundial, nº 1833, 31/10/1974]
quarta-feira, 20 de junho de 2007
Leilão de Manuscritos – Hoje às 21h no Hotel Roma
A Livraria Luís Burnay realiza hoje, pelas 21h, no Hotel Roma, um Leilão de Manuscritos e Autógrafos.
Curiosas peças de colecção, entre as quais registe-se um conjunto de cartas do Marquês de Alorna, Rainha D. Amélia, António Baião, Leitão de Barros, António Botto, Eduardo Brazão, D. Carlota Joaquina, Camilo C. Branco, Ferreira de Castro, Trindade Coelho, Tomás Ribeiro Colaço [dirigida a Fernando Pessoa e versando o artigo do vate sobre a Maçonaria], Columbano, Confraria de Santa Sophia Bemaventura, Natália Correia, Afonso Costa, Humberto Delgado, José Estêvão, Filipe III, Tomás da Fonseca [com um poema-hino], Natércia Freire, Almeida Garrett, Teixeira-Gomes, Delfim Guimarães, D. João III, Guerra Junqueiro, Alfredo Keil, Gomes Leal, Magalhães Lima [importantes e valiosos documentos, alguns dirigidos à "irmã" Ana de Castro Osório, versando a maçonaria e a luta das mulheres] , Eduardo Lourenço, Bernardino Machado, D. Manuel II, Egas Moniz, Adolfo Casais Monteiro, Manuel Monterroso (caricaturista), Thomas Moore, David Mourão-Ferreira, Almada Negreiros [entre as quais o original manuscrito da "Prova dos Nove"], Alexandre O'Neill, Ramalho Ortigão, Palma-Ferreira, Alfredo Pimenta [c/ poesia jocosa oferecida por Caetano Beirão], Bordalo Pinheiro, José Blanc de Portugal, Eça de Queiroz, Antero de Quental, José Régio, António Ramos Rosa, Ruben A., Mário Sá-Carneiro, Oliveira Salazar, Bernardo Santareno, Jorge de Sena, Alberto de Serpa, Miguel Torga, Mário C. Vasconcelos [c/ 4 poemas], Lopes Vieira.
Mais apresenta: as provas tipográficas de um artigo, "Elogio Histórico de Bernardino Machado...", censurado à Seara Nova; poesia avulsa de Cinatti; livro-manuscrito "Los Lobos" [s/ Jesuítas]; carta e desenho de Júlio dos Reis Pereira (Saúl Dias); monografia manuscrita da "Villa de, ou dos Povos, Comarca de Ribatejo"; documentos da famosa exposição "1º Salão dos Independentes", com inclusão do celebre e raro manifesto]; documento manuscrito "assinado e rubricado" pela Rainha Vitória.
Absolutamente a não perder.
domingo, 17 de junho de 2007
Leilão de Livros – 19 de Junho
A Leiria & Nascimento realiza no próximo dias 19 de Junho (I sessão), pelas 15H - na Rua de Santo António à Estrela, 31B - um Leilão de Livros de várias proveniências, valiosos e de grande estimação, com realce para peças sobre Arte, História, Literatura, África, Direito e Descobrimentos.
O Catálogo a cargo de mestre José Vicente, está disponível on line. A consultar.
OTA(rios)
«Ota, s.m. Gír. Provinciano, labrego, palerma. Indivíduo azado para o furto pelo 'conto do vigário'» [Gr. Dic. Língua Portuguesa de José Pedro Machado]
Os indígenas lusos, espicaçados de curiosidade folhetinista, assistiram esta semana a licenciosas compilações sobre o citado "novo aeroporto de Lisboa" - o de muita memória. Pela curiosa mostra concedida ao dr. Cavaco parece que a recente análise técnica do situ d'Alcochete foi tricotada por um raminho de 16 profs. universitários (!), com a fronte do sr. Francisco Van Zeller pairando como mecenas. Eis, portanto, o fragoso trabalho do sr. Van Zeller da CIP: dar graciosas consultas ao governo, inspirar reputados técnicos comentadores, resolver os problemas íntimos da canalha e impugnar as argúcias do dr. Vital Moreira e respectivo lobi. Pelo caminho e em divertida inocência, o sr. Van Zeller teve a virtude de desinfectar as mãos presidenciais do dr. Cavaco.
Foi a providência, gorjeia a corte cavaquista. Um milagre de Fátima segundo alguns paroquianos. Para outros, menos musculados, um simples espectáculo inútil a favor do eng. Sócrates. E, já agora, acrescentamos nós: uma falta de higiene. Na verdade, o episódio de limpar o eng. Sócrates & Lino requer mais vigor emotivo e menos bucolismos. A falsificação da Ota era uma caçoada pública. Mário Lino está vivo, para contar.
Mesmo assim, este excelente "conto do vigário" que é a localização do "novo aeroporto de Lisboa", teve o exótico momento de ver reaparecer o dr. Francisco da Quercus, conhecido ladrilhador ambiental. Perante a cantilena do sr. Van Zeller e sem ter lido uma única linha do documento, o dr. Francisco, em arremedo aborrecido, disse que era contra. O conceituado troveiro ambiental, já se viu, cobiça um emprego no estado como os seus antecessores. Aconchegar-se às saias do regime suscita sempre essas reacções corajosas. Ora ... ora, "paz na terra aos homens de bom apetite".
Catálogo LIX da Livraria Moreira da Costa
Saiu o Catálogo do mês de Junho da Livraria Moreira da Costa (Rua de Avis, 30 – Porto).
Algumas referências: Almanach do Archipelago dos Açores ... para 1868, Ponta Delgada, 1867 / No Presídio. Memórias dum 'Conspirador', de Manuel Boaventura, 1913 / Justificação do procedimento da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra nos concursos de 1871 e 1874 ..., foram concorrentes os Srs Drs Theophilo Braga e Conselheiro Júlio Marques de Vilhena ..., por Manuel de Oliveira Chaves e Castro, 1916 / A Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra ao País, Coimbra, 1919 [s/ crise 1919] / Roteiro Lírico de Sintra, de Oliva Guerra, 1940 / Homenagem a Hintze Ribeiro. O Banquete Politico do Partido Regenerador em 15 de Outubro de 1903 / A Mulher de Luto. Processo ruidoso e singular, por Gomes Leal, 1902 / Breves Observações sobre a Constituição Política da Monarquia Portugueza, por Silvestre Pinheiro-Ferreira, 1837
A consultar, aqui.
O Almocreve apaixonou-se por...lingerie!
"As noites da maldade decompõem-se em luz / E ajudam a sua exaltação a ser dia" [John Clare]
É verdade ... este V. criado andou por aí em folias danadas. Inconfessáveis! De alegretes revelados não se pode falar. "O gosto é o gosto", para recorrer a Barthes (agora tão presente). Para atenuar tais maleitas ocultadas, fomos numa de paixão (cortesã) atrás do eterno feminino. E, meus amigos, apaixonamo-nos por lingerie. Da autêntica. Sedosa de mensagem, virtuosa de luxúria, macia no olhar. Aquela que desce debruada no Rio (de Janeiro), doce de tão cruel. E, minha amigas, quanto à lingerie pede-se por gesto. "Gesto de olhos", diria o Policarpo de mestre Assis. Que mais se pode desejar!? Apenas que "the aftermath of poetry should be love". Shapiro dixit.
domingo, 3 de junho de 2007
In-Libris - Catálogo do mês de Junho 2007
Saiu o Catálogo da In-Libris (Porto) referente ao mês de Junho. O amador de livros tem à sua disposição um conjunto de obras estimadas de Agostinho da Silva, Alexandre O'Neill, António Correia de Oliveira, António Osório, António Ramos Rosa, Armando Carvalho da Silva, Avelino Cunhal, Eugénio de Andrade, Brito Camacho, Cunha e Costa, Fernando Echevarría, Fernando Pessoa, João de Barros, José Marmelo e Silva, Júlio Botelho Moniz, monografias várias, peças de culinária, obras de Rosália de Castro, Ruy Belo, Trindade Coelho, Virgílio Martinho, Vladimir Maiakovski.
A consultar on line.
O MEDO
Almanaque Republicano – Actualização
"Leitor burguês que lanças mão desta revista, esperando encontrar aqui mais um corretor dos teus negócios, mais um emoliente nas tuas horas de irritação, alguma coisa complementar da chávena de café, tomada ao cair da noite nos botequins (...)
Vós todos que esperais ver surgir mais um apostolo da falsa ordem que mascara a imensa podridão, mais um apologista da Rotina, do Erro e da Mentira, mais um grupo de vendilhões que oferecem boa doutrina em troca de bom emprego:
Passai de largo. Erraste o caminho (...)
Professores primários, empregados públicos, operários modestos, batalhadores obscuros e ignorados de todas as condições e de todos os partidos, que sentis no vosso peito o gérmen dum sentimento nobre, no vosso cérebro o esboço dum pensamento útil e que, algemados e dilacerados pelas grandes provações e pelos grandes preconceitos, careceis de auxilio, de incitamento e de conforto nas vossas lutas: Vinde, disponde da nossa pena" [in Espectro do Juvenal]
O Almanaque Republicano continua o discurso sacro da Alma Lusitana, onde se conta, com inexcedível e inolvidável prudência, o espírito varonil dos homens e mulheres que por obra e graça da República souberam construir caprichosas e soberbas páginas da nossa história. Dado à lux por dois veneráveis cavalleiros devotos da Alma Republicana e sob protecção do Encoberto, o Almanaque Republicano conversou desde Abril, sobre
O 25 de Abril de 1974, o 28 de Maio de 1926, Adelino da Palma Carlos, Antero de Quental, António Maria da Silva, António Sérgio, António Ventura, Bernardino Machado, D. António Ferreira Gomes, as Conferências Democráticas do Casino, a Censura, a PIDE/DGS, as Efemérides mensais, Eduardo Frias, Filipe Viegas Aleixo, Francisco José Teixeira Bastos, Francisco Maria de Sousa Brandão, Francisco Martins Rodrigues, General Carmona, Gomes da Costa, o semanário Imparcial, o jornal Locomotiva de Aveiro, Lopes de Almeida, Maçonaria em Portalegre, Marcelo Caetano, Mário de Figueiredo, Mendes Cabeçadas, Oliveira Salazar, a revista Ordem Nova, Óscar Carmona, os Presos Políticos, Trigueiros de Martel, Vasco da Gama Fernandes, a revista Vértice, Raul Proença, Rui d’Espinay, Sebastião Magalhães Lima, o grupo Seara Nova.
A ler e consultar o Almanaque Republicano. Sempre ao V. dispor!
Saúde e fraternidade.
quinta-feira, 31 de maio de 2007
Leilão de Livros – 4 e 5 Junho
A Livraria Luís Burnay (Calçada do Combro, 43-47, Lisboa) realiza nos próximos dias 4 e 5 de Junho – na Sala Veneza do Hotel Roma – um Leilão de Livros. Encontrará à venda lotes estimadíssimos, a saber: Inquisição, Judaica, Etnografia, Ciências, Quinhentistas, Maçonaria, Mapas, Arte, História, Musica e Viagens. São 680 peças, entre valiosas e raras. Organização de Luis Burnay.
Algumas referências (Dia 4): Memoria Histórica-Economica do Concelho de Serpa, de José Maria da Graça Affreixo, 1884 / Traité des délits et des peines par C. B. Beccaria, Paris, 1797 / Livro das Plantas de todas as fortalezas, cidades e povoações do Estado da Índia Oriental, por António Bocarro, Bastorá, 1937-40, III vols / Cadernos Coloniais, Editorial Cosmos, 70 numrs / Cantigas d'Escarnnio e Mal Dizer ..., ed. critica de Rodrigues Lapa, 1965 / O Casamento simulado com a photografia de Maria Eugénia dos Santos, Lisboa, 1886 [rara peça onde "se descreve o processo ao famoso militar Pedro Soriano", como se sabe "imortalizado" por Guerra Junqueiro] / Flores de Coral: Últimos Poemas, por Alberto Osório de Castro, Dili, 1867 [1º livro saído das tipografias em Timor, de reduzida tiragem, 320 expls] / Fêstes et Courtisanes de la Gréce ..., de Pierre Jean Baptiste Chaussard, Paris, 1821, IV vols / Chronica Constitucional do Porto, publicação portuense rara, 1832-1833 (52 numrs) / O Contemporâneo, revista rara e valiosa, 1874?-1886, 156 numrs / The sufferings of John Coustos, for Free-Masonry ..., London, 1746 [imp. para a história da inquisição e maçonaria portuguesa] / Definições, e Estatutos dos Cavalleiros, e Freires da Ordem de Nosso Senhor Jesus Christo (Ordem de Cristo) ..., 1746 / A Fénix Renascida, ou Obras Poéticas ..., Paris, 1811 [valioso testemunho da poesia barroca portuguesa] / Outras Terras, Outras Gentes, de Henrique Galvão, Empr. Jornal de Notícias, s.d., II vols / Memoria sobre os Judeos em Portugal, de Joaquim José Ferreira Gordo, s.d. / A Harpa do Crente, por Alexandre Herculano, Lisboa, 1838 (rara) / Geschichte der Juden in Portugal, de W. Kayserling [ed. primeira e rara alemã (1867) e outra peça traduzida em português, de ed. Brasileira, 1971]
[nota: Luis Burnay está, pelo que nos é referido, on line. Não conseguimos aceder, mas o site está aqui, para todos os efeitos]
A Greve Seráfica
"a liberdade é um dom do mar” [Proudhon]
Não discutimos a greve. Geral, parcial, espontânea ou permanente. Ela é sempre legítima e democrática, tenha a capacidade inventiva e a dimensão íntima que tiver. Por isso não anunciamos a vossa, formal e de choro desvalido. Daí, também, que não nos pronunciemos sobre aquela outra, que é sempre "no bisel dos beijos". Um cavalheiro - sabem os democratas - nunca denuncia o amor ou ódio em público. Tem recato, nas horas vagas de serenidade. Fica, assim, para o putedo intelectual, para quem a greve é sempre a maneira vocativa da canalha ser obscena, alentar maliciosamente a análise e a interpretação sobre a caducidade da "coisa". O tédio de quem nunca trabalhou e a chateza da vida dão sempre origem a melodias anti-greve formidáveis, de puro exotismo.
Ontem - dia de greve - a bravata de algumas personagens, de sorriso seráfico, rendeu a mais boçal das récitas governamentais. A comunicação social, em especial o reaparecido Diário da Manhã, foi retumbante de gracejo político sobre a greve e os grevistas. E de extenuadas vénias ao poder. Para quem assistiu à investida exterminadora de uma sra. jornalista (TVI?) contra o "bom" do Carvalho da Silva, durante a sua conferência de imprensa, entenderá a fúria e coacção que por sobre os indígenas cai.
Por tudo isso, não espantou que um raminho de zelosos subordinados do eng. Sócrates, com o inefável Silva Pereira, o clássico João Figueiredo e o garoto Fernando Medina à ilharga, se ocupassem do empolgante trabalho de manipular e intimidar cidadãos livres, ao longo do dia. Os comissários partidários, como no tempo do Botas de S. Comba, regressaram em força. Frescos, buliçosos e desprovidos de hábitos democráticos, tais personagens que parecem comentadores de um jogo de futebol, explicam que de 2007 para 1973 "o olhar trocou-se / não se trocou o cheiro" [O'Neill]. Conhecemo-los bem.
terça-feira, 29 de maio de 2007
4 Anos de Luxo
"C'est moi, femmes, je trace mon chemin" [W. Whitman]
No passado dia 17 deste mês de Maio, estação onde se colhem "as ervas para fenar", consentimos o nosso tranquilo 4 aniversário. Fomos brandos na quietação. Não carpimos mágoas, nem carecemos de pedir conforto à pátria. Os nossos cândidos amores prolongaram as festividades. A natureza "trabalhou" a nosso favor: vigiámos a colheita dos fólios, lavrou-se a kultura em pousio, enxofrámos a vinha. Metemos a estaca ... no jardim! Fomos felizes. Lá diz o ditado: "semeia a aveia a fugir,/ e a cevada a dormir”". Cumprimos. Foi por tudo isso que, ó desgraça!, esquecemos o jubiloso aniversário. Não por nós, mas por vós ... sereníssimos ledore(a)s.
Assim, em gratidão afogueada, para que não se instale um cisma na alma e enquanto não tomba em cima de nós o cajado do sr. Santos Silva, daqui, das terras do Mondego, vos enviamos, com muita estima, o aroma delicado de
Boa noute. Sois encantador(a)s!
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