
"
crudelem medicum intemperans aeger facit"
Anda por aí um arrazoado colectivo & pouco higiénico sobre uma presuntiva
conspiração – como é óbvio, "revolucionária" – de uns inçados
especuladores capitalistas que, na sua gula d’ofício, folgam por levar o nosso piedoso país à bancarrota. Pelo que se diz no balneário paroquial, a bordoada última da (outrora) benemérita
Standart & Poor’s, ao avaliar (com a devida vénia à sra.
Lurdes Rodrigues) o "estado de negação" do risco da dívida, mandou-nos para a galeria do
junk e (pasme-se) fez subir o
CDS (i.e., os
credits default swaps). Mais, consta que tais infames empresas de rating nos trazem pela trela. A ferocidade é, salvo melhor opinião, de assinalar.
A lista de mazelas que repentinamente ilustrou a situação é conhecida. A disenteria dos argumentos da veneranda
classe dos economistas & demais incumbentes da coisa pública, em torno da "turbulência", "nervosismo" e "credibilidade" que acossa a paróquia, é formidável.
Ó inclemência! É certo que o embalsamado
Vieira da Silva desapareceu e o sr.
Teixeira dos Santos deambula por todo o lado, mas não havia razão para, nesse divertimento de estar o país a arder pelas patifarias a soldo de
excitados capitalistas, ver surgir o raminho filosofante dos
Campos e Cunha,
Eduardo Catroga,
Braga de Macedo (
petit-maître ajuramentado), o
Bagão Félix,
Pina Moura (o arreda-deficits) ou, mesmo, esse novo poeta-economista, Nicolau Santos (na falta dos
Silva Lopes & Cia). É uma crueldade o que fez, a estes patriotas, o cacete de infames capitalistas d’além-mar.
Abaixo a especulação, grita o
Valter Lemos, em bom economês.
É certo que o ex-administrador do
Oásis, o dr.
Cavaco, adverte que não vai perorar; é verdade que o casto
Paulo Portas capricha no "seu" CDS, vertendo lágrimas viçosas anti-capitalistas; está provado que os clones
Sócrates & Passos Coelho se sentaram (matreiramente) no dorso da besta do
PEC, qual repolho d’amor indígena, requerendo medidas urgentes à canalha; está até conforme as doutas e sábias demonizações
anti-capitalistas dos associados da
CIP, sendo que o sr.
Van Zeller, a pedido de várias famílias, legitimou até o engenho revolucionário que vem decerto por aí; foi bonito ver o sr.
Mendonça, das Obras a publicar,
anunciar, no seu génio de distinto académico, aeroportos e TGV’s, em pura emanação divina.
Tudo isso é justo, deslumbra, é até
erótico de se seguir, mas cremos que não havia nexexidade! A paróquia já deu sobejas provas que se afunda sozinha, com ou sem
mercenários especuladores. Aliás, o dr.
Cavaco Silva está onde está para a provar que "
plutôt mourir que changer". Apertem os punhos!