segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
COM OS PROFESSORES!
A miserável campanha de intimidação, movida pela equipa do Ministério da Educação contra os docentes e muito bem inspirada nas boticas partidárias de Homens perturbados e sem honra, não passará. Os professores são cidadãos sérios, corajosos e exemplares. A nobilíssima missão que profissionalmente desempenham e a travessia que fazem em prol da (saudade) democracia é incontornável. Por isso, nesta desordem educativa, têm o respeito do país de Homens livres. A defesa da honra, do bom-nome, do ensino de qualidade e da instrução pública, são exercícios honestos de cidadania que todos os dias assumem, seguros que estão da sua liberdade. A insubmissão (de todos eles) contra a prepotência e o obscurantismo representa um sentimento generoso de independência e emancipação. A greve de hoje assim o mostrará!
"Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição..."
[Geraldo Vandré - Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores]
BOM DIA!
Acualização [13,00 h]: "Numa ronda por escolas da Grande Lisboa, a Lusa encontrou várias escolas fechadas e, na maioria dos casos, a funcionar com menos professores do que o habitual ..." - in jornal Público online.
- "Greve: pais ameaçam recorrer aos tribunais". Mas A Adesão Não Foi Muito Baixa? [in blog Educar]
sábado, 17 de janeiro de 2009
In Memoriam Tereza Coelho (1959-2009)
Faleceu ontem (dia 17) Tereza Coelho, excelente tradutora, uma notável jornalista literária (no Expresso de muita memória, no diário Público – onde dirigiu o estimado suplemento "Leituras" -, no jornal Independente, na revista feminina Elle e na revista "Livros"), e uma admirável e inesquecível mulher.
A Figueira da Foz, cidade que adoptou como sua e onde tinha muitos amigos (como não lembrar os tempos do então Festival de Cinema, ou o seu casamento com Eduardo Prado Coelho), deve-lhe muito. Assim a cidade a saiba evocar, condignamente.
Ler a notícia no jornal Público, no jornal Figueirense e no blog Da Literatura.
Foto: in Mário Cabrita Gil (A Idade da Prata)
domingo, 11 de janeiro de 2009
Leilão de Livros, Manuscritos e Gravuras – 12, 13 e 14 de Janeiro
No próximo dia 12, 13 e 14 de Janeiro (15h) no Palácio do Correio Velho (Calçada do Combro, 38 A - 1º, Lisboa), vai à praça (1034) livros, manuscritos e gravuras, de algum interesse e valor.
Algumas referências: Álbum de recortes de caricaturas (sec. XIX), uma Alcobacense curiosa, livros sobre o Alentejo e o Algarve, 2 vols do Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro, a estimada Luzitania Transformada de Fernão d’Alvarez, o estimado Trás-os-Montes de Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal) a que se junta um tomo das suas Memórias Arqueológicas (t. IX), os Anais do Município de Tomar de Amorim Rosa, o Anuário Comercial de Portugal (1910), livros de Arqueologia e Arquitectura e Arte (invulgar conjunto), Missais Romanos, o Livro de Horas da Condessa de Bertiandos, lote de livros sobre a Ordem de Cristo, Monografias estimadas, 2 raros livros de Barahona da Fonseca, a Década Primeira de João de Barros (1628), um lote de bibliografia (especial nota para a esgotada Imprensa Periódica no Distrito de Bragança durante a 1ª República), biografias variadas, um curioso quinzenário Orgão dos Bombeiros Voluntários Portuguezes (O Bombeiro, 1889-92), a estimada História da Luzitania e da Ibéria de João Bonança, conjunto (parcial) da revista literária Caliban (Lourenço Marques, 1972) encerrada pela PIDE, o De Angola à Contra-Costa de H. Capello & R. Ivens, uma curta Camiliana, lote de livros de Direito, Filosofia, Folhetos Históricos (sec. XVIII e XIX), obras de História de Portugal, conjunto estimado de fotografias, a revista de caça Diana, várias peças de Equitação e Cavalaria, livros muito procurados de Henrique Galvão, um conjunto curioso de livros de Culinária, os Inventários Artísticos de Portugal, um conjunto (1922-24) jornais do Suplemento Cultural do D.N., vários lotes de Gravuras, Literatura portuguesa variada e de poesia, livros de Ferreira de Castro, Hernâni Cidade, Cinatti, Jean Cocteau (Le Coq et L’Arlequin, 1918, raro), Natália Correia, Sttau Monteiro, Vergílio Ferreira, O’Neill, diversos e importantes Manuscritos e Documentos.
Pode consultar o Catálogo online, AQUI.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
EDUCAÇÃO: ponto da situação por Lídia Jorge
Nestes tempos de furor autoritário e de cárcere Sócratista, em que tudo e todos estão reféns da charamela do novo Partido Popular (moderado), é grato ler alguém que ouse ir contra essa bravata do “"grande reformador", que os zeladores da ordem e da situação apodam ao "grande educador" Sócrates. Os docentes foram, durante o ano que passou, a única "tribo" a repudiar tais teorias postas a correr por gente ignorante e sem escrúpulos, alguns com copiosos interesses no sistema e no pensamento único. E a única classe profissional a exercer, em plenitude, o exercício de cidadania.
A discrição do intelectual nativo, neste assunto da resistência da classe docente contra o fim da Escola Pública e da Educação, foi total. Não se ouviu do repertório intelectual indígena, curiosamente sempre alvoroçado em abaixo-assinados & outras ilustradas sentenças, nenhuma posição sobre os atropelos do Ministério da Educação contra a classe mais ilustrada do país. E que sempre, com elevada solidariedade, esteve ao lado dos que lutam contra o medo, pela democracia contra o despotismo, pela liberdade contra a ignorância. O desprezo de toda essa corja de putativos intelectuais pelos cidadãos, passado o tempo da ditadura e agora muito bem instalados na vidinha, explica em parte as décadas de atraso cultural (social e económico) deste malfadado país.
Por isso o desagravo da escritora Lídia Jorge [Público, 9 de Janiero de 2008, p. 38] soou alto, nesta miséria caseira. Por isso, o texto que corajosamente ofereceu a este colégio interno onde habitamos, foi generoso e até, mesmo, benevolente. E por tudo isso, merece ser lido e reflectido. E arquivado.
Nota: clicar no Fullscreen para ler tudo.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
And Now for Something Completely Different
Cada um ao nascer traz uma dose de amor
mas os empregos,
os salários
tudo isso, seca o solo do coração
Maiakovski
AZIA pela Blogosfera
Daniel Oliveira contraiu a doença de mestre-escola. Numa posta, que não é mais que um suplemento vigilante de exortação à pregação de um coio de jornalistas acofiados ao poder, pretende refutar os ditos de circunstância de José Pacheco Pereira sobre o jornalismo de clientela e o estado parodista da blogosfera. Sobre o exame desses pregadores caluniosos que pululam na imprensa e pela Blogosfera, onde apresentam esplêndidos compêndios reaccionários "pret-à-porter" e (decerto) com aprovação do senhor Sócrates & Cia, o vigilante Daniel Oliveira escreve um papel em branco.
O brevíssimo tratado de raiva anti-JPP é, desta maneira, um catecismo que em vez de dissecar as meditações pachecais dessa escolástica figura – desde a sua patologia (neo)liberal sobre o Estado à miséria da produção de exóticas teorias sobre a administração Bush, até ao imoral apoio ao business espectáculo do governo de Israel -, acompanha o labor da infâmia e a manipulação insidiosa de alguns jornaleiros e comentadores contra JPP, mas do mesmo modo contra os cidadãos (da esquerda ou da direita) que fazem da resistência e desobediência civil contra o autoritarismo, o insulto e a mentira um orgulho de cidadania e um trânsito democrático contra a alienação, e que histericamente tais espíritos jornaleiros combatem. De facto, o bloqueio ideológico que os Bettencourt Resende, Hermínio Monteiro, Fernando Madrinha, João Marcelino, Fernanda Câncio, José Leite Pereira, Sousa Tavares, Rui Ramos, Peres Mettelo, António Costa (D.E.), Santos Silva (e tantos mais corifeus sem ética, nem vergonha) exalam nos seus boletins paroquiais é para Daniel Oliveira totalmente indiferente, ou quanto muito rimadas e piedosas intenções apenas a suspirar.
Daniel Oliveira, como outros, não conseguindo dissimular a rusticidade de um activismo institucional comprometido (na blogosfera) e a obediência cega (quando não, submissão) às regras e à aporia da amizade, neste seu texto, desresponsabiliza os novos "democratas" (arrependidos!) que arribaram à blogosfera e cujo revisionismo militante é provocatório, senão mesmo fascizante. Compreende-se, assim, como o crítico Daniel Oliveira, intervenha bizarramente contra JPP, demonizando-o, deixando de lado alguns hóspedes que a blogosfera acolheu, absorvido que estava na defesa de causas fracturantes, e que, ingenuamente, lhe sussurravam serem de esquerda. A beata Câncio & seu grupelho, e alguns jovens maviosos que deram então serventia ao Blogue de Esquerda ou ao antigo Cinco Dias, estão por aí como exemplo. Tem, portanto, Daniel Oliveira muita análise política para se ocupar. Cocheiros do sr. Sócrates e rosas todo o ano são inestimáveis repastos que abundam por todo o lado. Assim queira o meu caro amigo Daniel surpreender os seus leitores e não sussurrar, apenas, a arqueologia do disparate.
ESTADO DO PAÍS em 2009
a noite cerrou as janelas
alastrou um império de improviso para os
cães sem nome sem dono e atirou o seu queixo de toneladas até
à mancha espalmada do rio
é a sua maneira de nos insultar
a tristonha envergadura da sua queixa
...
Cada um de nós, deve ser, não a lei, mas
o galho inopinado e ímpar
o plano imediato da evasão
alucinado e lúcido
Cada um de nós deve ser o momento
de recusar férias à ferida.
[José Sebag, "O Planeta Precário"]
Os papa-educação
Duas figuras da educação indígena são curiosas de seguir: a sra. Margarida Moreira (DREN) e o piedoso Jorge Pedreira. A primeira, infamantemente ofendida por José Sócrates (fez parte da equipa de Santos Silva, ministro da educação dos "30 anos perdidos") tem o vício do disparate, mas não virá daí mal ao mundo. Os funcionários partidários são imortais, passe a indigestão da sua utilidade. Existem para a falange e milagrosamente, depois de arruinarem tudo e todos, lá estarão prontos outra vez para novos atropelos à cidadania, em nome da nebulosa eleitoral dos interesses. O caso do sr. Pedreira é de outra índole. Governante sem boa fé, sem qualidade moral, enérgico de venalidades, agoniza entre a voz do dono e o emprego que precisa. A expiação do antigo e "perigoso" ex-sindicalista não explica (como também em Margarida Moreira) tudo. Mas não deixa de ser curioso o raminho de ex-sindicalistas (quase todos nunca trabalharam) que é incansável nas ameaças e no ataque a quem, livremente e com dedicação, trabalha. O sr. Pedreira ameaça, porque tem poder. Se estivesse no tempo do Estado Novo, tudo se esperaria de tão proeminente sujeito. Mas, felizmente, não está. Um dia (e que seja breve) sairá do lugar onde nunca devia ter estado. E depois, talvez, seja fulminado pela mesma "mortalha" com que brindou os docentes, os alunos e os cidadãos impolutos. Só que, nessa ocasião, ninguém se levantará em sua defesa. O epitáfio será cruel. Porque os deuses não dormem.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Um homem transtornado
O primeiro-ministro abriu o ano de 2009 indiciando um movimento de apoio caritativo a diversas instituições privadas e públicas, a bem da recessão e das próximas eleições. O que se viu foi que não basta o discurso recitado ad nauseam sobre um inenarrável O.E. e a ruidosa intervenção proposta no lado da procura. Tal raminho de medidas, a par do tricotar keynesiano (por ora, descoberto), não é relevante.
Sobre a primeira missiva a ideia feita é que nada sabe do que se passa no mundo, não autorizando o benemérito presidente do conselho a apelar histrionicamente para os calamitosos tempos d’hoje e para o porvir da luz dos amanhãs. A situação financeira ainda não foi totalmente desvelada, sendo que as receitas contra ela nos E.U.A. (e no mundo em geral) parecem improcedentes. Assunto que, como habitualmente, o grupo de representantes do economês indígena ignora, por parcimónia. Tenha-se em conta a crescente opinião sobre o nível expressivo que vai ter a recessão na Alemanha e na China (e portanto os efeitos na procura que daí resulta), as medidas aventureiras (como a suspeitosa e calamitosa medida na G.M., via GMAC, entre muitas outras) contra a crise (ainda) da colheita de George Bush, o regresso do obscuro romance da Lehman Brothers, o impacto da deflação que vem a caminho e as medidas irreais da política monetária que do lado de lá se tomam, para que se obtenha um "buraco negro" de difícil prognóstico.
Quanto à sua segunda missiva – as eleições – é possível que Sócrates tenha enternecido muita gente. A paróquia é o que é. Mas não deixa de se notar que a sua presença televisiva foi de um homem transtornado. Muito transtornado. E, como tal, perigoso. Que Portugal tenha, numa situação difícil como a de hoje, um sujeito destes à frente do país, é um fado enorme. Um problema maior.
ARQUIVO DE ERNEST HEMINGWAY
O Museu Ernest Hemingway (Finca Vigia, a 12,5 km de Havana) abriu o Arquivo do romancista (brevemente on line), onde se pode ter acesso a "fotografias, cartas e manuscritos, além do epílogo, nunca publicado, do romance "For Whom the Bell Tolls" [aqui]. Ao fim de de 47 anos o espólio, que estava "armazenado no sótão da casa onde viveu Hemingway" (durante 20 anos) pode ser consultado.
Como aqui se refere, "o material inclui mais de 2.000 documentos, que vão desde manuscritos de algumas de suas obras até cartas, passando por recibos de lojas, além de 3.500 fotos e 9.000 livros. Desses livros, 2.000 foram lidos por Hemingway porque ele fez anotações em suas margens".
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
EFEMÉRIDES ALMANAQUE REPUBLICANO: PROPOSTAS PARA 2009
No ano em que avizinha o Centenário da República, o Almanaque Republicano propõe-se recordar e vasculhar nos baús da memória colectiva deste povo e avivar alguns momentos que têm progressivamente vindo a cair no esquecimento.
Quando há um século surgia a publicação do Manifesto Futurista de Marinetti, em Itália, e em Espanha se assistia ao fuzilamento de Francisco Ferrer, no nosso país, os republicanos, reunidos em Congresso em Setúbal, decidiram abandonar a luta pelo poder pela via eleitoral e enveredar pela via revolucionária. Entramos no ano da conspiração. A criação da comissão militar, essencialmente constituída por marinheiros, para preparar a revolta; a propaganda anticlerical, com grandes manifestações realizadas em Agosto e Dezembro; a intensificação da agitação operária e anarquista com greves, bombas e prisões; a realização do Congresso Nacional Operário; surgem novos escândalos na vida política portuguesa como o caso problema do açúcar na Madeira e a questão do Banco Predial; a instabilidade governativa era uma constante e o Partido Republicano assistia à morte de algumas figuras importantes como João Pais Pinto. Ainda nesse ano morre, António Augusto da Rocha Peixoto, antigo director da Biblioteca Publica do Porto e director da revista Portugália. Neste mesmo ano, nasceu também o ilustre escritor e activo membro do Partido Comunista, Joaquim Soeiro Pereira Gomes. Realiza-se também o Congresso Municipalista em Lisboa (...) [continua, ler AQUI]
Vídeo: Fotos do Blog (2006-08); Música: Mozart - Die Maurerfreude (Alegria dos Maçons) K471; Officina Almanaque Republicano, Janeiro 2009.
ler tudo no Almanaque Republicano.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
The Worst Predictions About 2008
A Business Week apresentou as 10 piores previsões feitas para 2008 pelos sábios analistas em economês & outros teóricos do santo mercado. De fazer empalidecer o dr. Daniel Bessa, pestanejar a indulgente Teodora Cardoso e amuar o eng. Sócrates.
Algumas bem curiosas:
- AIG (AIG) “could have huge gains in the second quarter.” —Bijan Moazami, analyst, Friedman, Billings, Ramsey, May 9, 2008
- "I think this is a case where Freddie Mac (FRE) and Fannie Mae (FNM) are fundamentally sound. They’re not in danger of going under…I think they are in good shape going forward.” — Barney Frank (D-Mass.), House Financial Services Committee chairman, July 14, 2008
- "I'm not an economist but I do believe that we're growing." — President George W. Bush, in a July 15, 2008 press conference
- "Existing-Home Sales to Trend Up in 2008" —Headline of a National Association of Realtors press release, Dec. 9, 2007
- "I expect there will be some failures ... I don't anticipate any serious problems of that sort among the large internationally active banks that make up a very substantial part of our banking system." — Ben Bernanke, Federal Reserve chairman, Feb. 28, 2008
- "In today's regulatory environment, it's virtually impossible to violate rules." — Bernard Madoff, money manager, Oct. 20, 2007
Entretanto a Business Week já apresenta, em triunfo, a antevisão para 2009. Valentes!
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
ALMANAQUE REPUBLICANO: Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2008 - 10 Livros
"Não é republicano quem quer mas quem o pode ser" [Sampaio Bruno]
O Almanaque Republicano, dado à luz por cavalleiros de alma republicana e em reparo público, é (como dissemos) um espaço espiritual ou temporal de "encantos e desencantos vários" em torno desse "espírito lusitano" ou diáspora de liberdade perseguida, onde sopra a revolução subterrânea dos "cavaleiros do amor" e a soidade prudente da "história do futuro" (António Vieira). E cuja validade estará sempre nessa muito nossa aventura da demanda ou "moral de grau" e para V., caros ledores, na arte de leitura.
Por isso, os eventos percorridos, os factos e personagens aqui resgatadas são uma desobediência nossa que não trocamos pelo elogio da polémica ou vaidades rendilhadas. Nós, a esses, cuja idiossincrasia "é o couce" (Camilo), não tomamos posição. Este nosso compêndio de letras, na sua mundividência assumida, sendo uma história de iniciados ou preceito de liberdade, não deixa por isso de ser uma república do mundo que a "renovação da inteligência portuguesa" aspira, como diria Basílio Teles. O ano que passa tem neste álbum de memórias esse exacto sentido do termo. E o caminho que se entreabre até ao marco simbólico do Centenário da República o evidenciará. Adiante!
Como anteriormente - AQUI e AQUI -, corremos de novo o risco de assinalar as melhores obras que a historiografia contemporânea portuguesa publicou e conhecemos em 2008. [J.M.M. - ler todo o texto AQUI]
Historiografia Contemporânea Portuguesa de 2008 - 10 Livros
1. O Pensamento Político e Social de Basílio Teles – Maria do Rosário Machado (INCM)
2. "O Nosso Século é Fascista!" - O mundo visto por Salazar e Franco (1936-1945) – Manuel Loff (Campo das Letras)
3. Das Trincheiras com Saudade – Isabel Pestana Marques (Esfera dos Livros)
4. A Esquerda Democrática e o Final da Primeira República – António José Queirós (Livros Horizonte)
5. Dossier Regicídio – Mendo Castro Henriques et. al. (Tribuna da História)
6. A Tradição da Contestação – Miguel Cardina (Angelus Novus)
7. O Estranho Caso do Nacionalismo Português - Luís Trindade (Imprensa de Ciências Sociais)
8. Humberto Delgado. Biografia do General sem Medo – Frederico Delgado Rosa (Esfera dos Livros)
9. Comunismo e Nacionalismo em Portugal. Política, Cultura e História no século XX – José Neves (Tinta da China)
10. O “Um dividiu-se em Dois” – José Pacheco Pereira (Alêtheia)
in ALMANAQUE REPUBLICANO - vidé, ainda, A.A.B.M.:"AS NOSSAS TRÊS PRIMEIRAS ESCOLHAS DE 2008"
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
O embaraço do Dr. Cavaco
Anda por aí uma algazarra sobre a constitucionalização do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, que ninguém entendeu até o dr. Cavaco clamar pelos (seus) poderes próprios ou institucionais. A partir daqui todos debatem, não os princípios consignados no catálogo do direito indígena que levam à presuntiva ruptura constitucional ou a singularidade das decisões interpretativas e processo de fiscalização do Tribunal Constitucional, mas a via incidental criada entre o eng. Sócrates e o dr. Cavaco. Isto é, a dimensão político-constitucional que o dr. Cavaco verbera, optimizou nalgumas criaturas uma "esperançosa" tensão e conflito entre o governo e a Presidência da República, que sendo curiosa se verdadeira não tem por ora qualquer valimento.
Na verdade o dr. Cavaco Silva assumiu, desde o início do seu mandato, navegar no discurso e na estratégia política como se de um jogo de tratasse. O paradigma desse jogo presidencial (ou a "linguagem da coisa") seria criar um espaço único onde o eng. Sócrates em dificuldades económico-financeiras – a braços com a sua incompetência providencial e sob o servil apoio da nova garotada da União Nacional (que sabiamente juntou à sua volta) – ficasse em incómodos mas sem que a acção do Presidente da República se fizesse de todo sentir. Por isso mesmo o dr. Cavaco deu a Sócrates toda a "corda" necessária, para que não pudesse escapar. Daí que a doxa de Sócrates em torno da lenda das "reformas" caseiras, sempre muito bem desocultada via agências de comunicação, jornaleiros & outros tantos fundibulários nativos, obtivessem a eficácia observada, quer entre a elite das corporações e dos interesses quer na atemorizada quanto ignorante canalha.
Sócrates, o chefe do Partido Popular moderado (ex-PS), pode assim concretizar o maior volume de restrições de direitos fundamentais que temos memória (de comum, só ultrapassável pelo Botas de Santa Comba), principalmente nos direitos económicos e sociais consagrados em sede da Constituição, lesando grupos profissionais estruturantes da sociedade portuguesa e sem que a ordem constitucional assim abalada fosse objecto de controlo de constitucionalidade via Presidência da República. E mesmo alguns dos princípios não expressamente consagrados na Constituição, mas importante no domínio normativo constitucional – caso da original profanação do princípio da proporcionalidade (uso do poder), do curioso abandono do principio da não retroactividade ou da afrontosa violação do principio do não-retrocesso social -, o actual presidente da República, como representante da "res publica", esquiva-se nunca ousando nem querendo exercer controlo prévio. Pelo contrário, o dr. Cavaco torna-se um meticuloso "notário" do governo, num estranho jogo de interesses económicos, sociais e políticos, jamais interpretados mas que as mezinhas tomadas contra crise financeira actual pode um dia explicar e a demagogia democrática do sr. Sócrates exemplifica.
Por tudo isto não se compreende o choro desvalido das sinecuras, dos comentadores & trovadores do regime. Nem se aceita a hipocrisia e o cinismo presentes na comunicação última de Cavaco Silva. O dr. Cavaco entrou no jogo, livremente, foi cúmplice em galanteios e em melodias febris sobre a governação, estatelando-se depois na sua própria frouxidão. Se está arrependido, só o futuro o dirá. Aguardemos!
Caro Francis, de Nelson Hoineff
Ao que parece, foi apresentado no passado dia 9 de Dezembro, no decorrer do Prémio Esso de Jornalismo no Rio de Janeiro, um documentário sobre Paulo Francis, realizado por Nelson Hoineff, intitulado "Caro Francis". O filme sobre o jornalista Paulo Francis, sua "trajectória intelectual e sua personalidade", decorre no Rio, Nova Iorque e São Paulo. Dizem, ainda, que haverá depois uma versão para cinema, para sair já em 2009.
via crónica de Ruy de Castro, AQUI.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Que a paz seja contigo!
Vens, Neophito, de onde não sabes para onde nada conheces. Teus olhos estão fechados à mesma luz que vêem; teus ouvidos não ouvem os mesmos sons que lhe são dados. És como o universo inteiro, que não sabe donde vem nem a que vem.
Por isso te ponho na boca o sal da sciencia, e te unjo na fronte com o óleo da misericórdia, e te molho a cabeça com a água da absolvição. É para que saibas que a palavra é para dizer a verdade, e que o pensamento é para pensar a caridade, e que toda a alma é para ser limpa ante o Senhor.
Segue o teu caminho entre os homens, não esquecendo nunca que não deverás mentir aos outros, porque o sal está em tua boca; nem mentir a ti mesmo, porque o óleo está em tua fronte; nem mentir contra Deus, porque a água passou por sobre ti.
Que a paz seja contigo!
(Pax tibi, Frater!)
[texto de Fernando Pessoa "composto para a Ordem do Templo ou de Cristo em Portugal, neste caso o da entrada do neófito na Ordem”, manuscrito inédito citado por Pedro Teixeira da Mota in “Encontro Internacional do Centenário de Fernando Pessoa", Lisboa, 1990]
FELIZ NATAL!
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
ANDAMOS ... ASSIM! HÁCIO CALOR!
"Callaremos ahora para llorar depois? [R.D.]
Mis ojos hablarían si mis labios
enmudecieran. Ciego quedaría,
y mi mano derecha seguiría
hablando, hablando, hablando.
Debo decir 'He visto'. Y me lo callo
apretando los ojos. Juraría
que no, que no lo he visto. Y mentiría
hablando, hablando, hablando.
[Blas de Otero]
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
CATÁLOGO NATAL 2008 – LIVRARIA ARTES & LETRAS
A Livraria Artes & Letras (Largo Trindade Coelho, 3-4, Lisboa), apresenta um estimado Catálogo de Livros para este Natal.
Algumas referências: In Memoriam Antero de Quental, 1896 / Las Cartas de Amor de Mariana Alcoforado dirigidas al Conde de Chamilly. Version y esquema biografico por E.M.S. Danero. Edicion ilustrada, Buenos Aires, Editorial Ibérica, 1945 / Alma Nacional. Revista Republicana, XXXIV numrs / Lisboa destruida. Poema de Teodoro de Almeida, 1803 / Adolescente. Poemas de Eugénio de Andrade, 1942 / Grades de Sophia Mello Breyner, 1970 / Universo pittoresco. Jornal de instrucção e recreio (Inácio de Vilhena Barbosa), III vols, 1841-44 / 107 aguarelas do comandante [António Ferreira] Pinto Basto [1862-1942] / Lisboa artística e industrial. Luxuoso album de photographias com um resumo historico da cidade, Lisboa, Emílio Canet [fotos de Benoliel e Juan Barrera], 1908 / Mundo Literário. Semanário de crítica e informação literária, científica e artística. Dirc. Jaime Cortesão, Editorial Confluência, 1946-48, LIII numrs / Filula folha de sangue. Objecto poemático de E. M. de Melo e Castro [folheto], 1962 / Pena Capital de Mário Cesariny, Contraponto, 1957 / Tribunal da razão onde he arguido o dinheiro pelos queixosos da sua falta: obra critica, alegre e moral, obra de José Daniel Rodrigues da Costa, 1814 / Cruzada Nova. Revista nacionalista de arte & doutrina, Direc. Dutra Faria, Angra do Heroísmo, 1928 / Longe. Sonetilhos, de José Gomes Ferreira [2º livro do autor], 1921 / Planície de Manuel da Fonseca, Novo Cancioneiro, Coimbra, 1941 / O Diabo. Semanário de crítica literaria e artística, Direc. Artur Inês [importante, valioso e raro periódico publicado entre 1934-1940] / A Razão Ardente. (Do Romantismo ao Sur-realismo), de Nora Mitrani-Alexandre O’Neill, Cadernos Surrealistas, 1950 / Actuação Escrita, de Pedro Oom, 1980 / 4 Autores da novela portuguesa contemporânea [Almada Negreiros, Mário Sá-Carneiro, Manuel de Lima e Luiz Pacheco], Edições Afrodite [obra apreendida na época], 1968 / Proto-Poema da Serra d'Arga, por António Pedro, Cadernos Surrealistas, 1948 / Raios de extinta luz. Poesias inéditas de Antero de Quental, Lisboa, 1892 / [José Régio] Primeiro volume de teatro. Jacob e o Anjo, mistério em três actos, um prólogo e um epílogo. Três máscaras, fantasia dramática em um acto, Porto, 1940 / Para uma Cultura Fascinante (e ainda Luz Central), ambos de Ernesto Sampaio, 1959 (e 1958) / Pela Grei. Revista para o ressurgimento nacional pela formação e intervenção de uma opinião pública consciente, direc. António Sérgio, Lisboa, Liga de Acção Nacional, 1918-19, VII numrs+ suplm / O spiritismo, ilha encoberta e sebastianismo, por José António da Conceição Vieira [Raro livro sobre temas esotéricos, espiritismo, Atlântida e Sebastianismo], Lisboa, 1884
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