domingo, 21 de janeiro de 2007
In Memoriam Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007)
"... vinda de algures, com notícias de alguém,
indo para além, para outros ouvidos, num país" [Fiama]
Deixam-nos cedo, os nossos maiores poetas. Foi assim com Sophia, finda levada que foi Fiama. A eterna demanda da alma dos poetas é o "breve livro que está ali, no todo ou em parte, coeso ou dilacerado por outros poemas" (Fiama). Com a voz ouvida na terra, sonhado o cante nosso que "o poema encobre", partem, de vez, para o outro lado do "mar", enxugadas que foram as lágrimas. E foram muitas. A caravela, "ao sabor do sopro que impele o mar" (Fiama), sobe alta ao encontro da infinidade, passagem ou guia do céu. Fiama tinha uma energia espiritual, ou interior inocente, prenúncio de uma "linguagem poética" que vai (para citar Eduardo Pitta) "até à beira do abismo". Por isso o drama da demanda espiritual, dos seus últimos anos. Por fim, o porto de luz no passado dia 19 de Janeiro. Até sempre, Fiama!
"Ficas a ler comprazida diante das rosas
silhueta que vislumbrei, compus e reanimei.
Tinhas o perfil marcado cruamente pela luz
as mãos claras no colo, os cabelos despojados
do brilho das cabeleiras soltas, mas juvenis
e sacudidas no inicio da tarde com alegria ..."
[Fiama, in Imago Mea]