terça-feira, 24 de maio de 2011

BOA GENTE!


A memória é como o homem atingido
pela flecha envenenada: antes que curem
a ferida ele pergunta quem o atingiu,
como se chama, onde está, o seu aspecto.
Então talvez saiba mais sobre a flecha
e o archeiro, mas é demasiado tarde
para ser salvo


Pedro Mexia, "A Flexa Envenenada", in "Em Memória", 2000

sexta-feira, 20 de maio de 2011

PUERTA DEL SOL: UN ESPACIO PARA LA INDIGNACIÓN


"El problema no es cuál sea nuestro ideario sino de dónde provenga, el problema real no es lo que está ocurriendo sino qué nos están contando y cómo nos lo están contando. La información es PODER. ¿Lo sabemos ya todos? ¿Sí? Pues entonces nosotros, los que tenemos más de cincuenta años y hemos tragado con carros y carretas, los que hemos padecido, sorteado y luchado contra la censura manifiesta que nos fue impuesta en los años oscuros… ¿qué vamos a hacer ahora ante lo que estamos viendo con nuestros propios ojos?" [ler AQUI]

LOCAIS: MANIFIESTO “DEMOCRACIA REAL YA" / Puerta del Sol: un espacio para la indignación / ¿Qué hacemos las personas mayores ante lo que está pasando en la calle? / El Movimiento 15-M decide no moverse de Sol / Miles de manifestantes vuelven a pasar la noche en la Puerta del Sol / La #spanishrevolution se extiende a todo el mundo / Se concentrarán en la Puerta del Sol en la jornada de reflexión / La Junta Electoral prohíbe las «concentraciones» del fin de semana / Radiocable.com / ¿De dónde viene tanta indignación? / Spanish ‘revolution’: Thousands gather in Madrid’s Puerta del Sol Square [Washingtonpost-Video] / Vista aérea de la concentración en Sol 17M #acampadasol

HORAS DE LUTA. HORAS DE COMBATE


"Depois de caçar tiranos
Vamos caças borboletas!
" [G. Junqueiro]

“A sociedade portuguesa está organizada para o mal. Não é já o mal esporádico e fortuito, em casos isolados que rapidamente se combatem. Não; é o mal colectivo, o mal em norma de vida, o mal em sistema de governo. Os poderes funcionam deliberadamente, com um fim: produzir o mal. Porquê e para quê? Porque o mal são eles e querem conservar-se. Um regímen corrupto só na corrupção subsiste. Mantém-se na corrupção, como alguns bacilos na porcaria. O seu ódio ao bem é fundamental e orgânico.
A filosofia da vida dum tal regime é a filosofia do porco: devorar” [ibidem]

"Então o povo que deixa prostituir a consciência, roubar os direitos, vilipendiar a história, o povo cobarde que não defende a honra, quer defender a camisa?
Que lha levem, com o último pão, os últimos andrajos! Que ruja de frio, que estoire de fome! A fome é como o fogo: abrasa e depura. Os que aviltam gozando, só se regeneram sofrendo. Não venham libras, venham desastres. Sobre a nossa infâmia chovam calamidades e tormentos" [ibidem]

"Já cai de podre o mundo velho e um mundo novo se elabora: Já surgem profetas e se martelam cruzes em calvários. Ciclones de dor e de infinito varrem, troando, o negro mar da humanidade.
Pão! Venha pão! – ululam bocas formidandas.
Ideal! Ideal! Ideal! – gritam as almas às estrelas.
Porque as bocas têm direito ao pão e as almas têm direito à luz.
Se acaso nós, revolucionários, nós que clamamos por direito e que bradamos por justiça, aqui um dia implantarmos uma nova forma de governo, que ela seja, antes de tudo, o caminho aberto para uma nova forma de civilização ..." [ibidem]

Guerra Junqueiro, in Horas de Luta (Livraria Lello) e Horas de Combate (Livraria Chardron)

via Almanaque Republicano

domingo, 15 de maio de 2011

CASO E PROVA


"Não há boas leis, só há boas repressões" [Fourier]

"O nosso século, em face do século XIX, parece um renascimento da Fatalidade" [André Malraux]

"Certo pobre pedia esmola a um arcebispo, dizendo-lhe: Monsenhor, estou cheio de fome. Ao que o prelado respondia: Bem podes dar-te por contente, mariola. Palavras justas de ambas as partes, pois se para o pobre é uma desgraça não ter nada de comer, para o arcebispo, que tem sempre a mesa posta, ter fome só pode ser uma alegria" [Fourier]

"O pêndulo do relógio tornou-se a medida exacta da actividade de dois operários, como o é também da velocidade de duas locomotivas. E então não se deve dizer que uma hora de um homem vale uma hora de outro homem, mas antes que um homem de uma hora vale outro homem de uma hora. O tempo é tudo, o homem já não é nada, quanto muito é a carcaça do tempo" [Karl Marx]

"Sabemos perfeitamente como o cretinismo quantitativo sabe reivindicar-se da democracia para a esmagar sob as piores ditaduras ou para fazer dela a coutada dos intelectuais. Ela levou ao poder o nazismo, o fascismo, o estalinismo, o integrismo, a corrupção política e esse parlamentarismo tão ignorante da vida, que pretende alimentá-la com o feno da democracia e a protecção mafiosa. Basta fazer engolir sapos aos homens e aos povos, para que eles defequem víboras" [Raoul Vaneigen]

"Necessariamente, expomos um caso e o provamos. Não podemos expô-lo e omitir a prova, ou apresentar esta sem declarar o caso; aquele que prova deve ter o que provar e aquele que antecipa uma declaração fá-lo com o objectivo de prová-la." [Aristóteles]

"Dissimular o que se é, simular o que não se é... Isto implica inegavelmente: não dizer – nunca – o que se pensa e o que se crê; e também: dizer – sempre – o contrário." [A. Koyré]

"Quando se faz uma estátua, não se deve estar sempre sentado no mesmo lugar; é preciso vê-la de todos os lados, de longe, de perto, de cima, de baixo, em todos os sentidos" [Montesquieu]

"Mas a liberdade começa na escravidão e a soberania na dependência. O sinal mais vivo da servidão é o medo de viver. O definitivo sinal da liberdade é o facto de o medo deixar espaço ao gozo tranqüilo da independência.
Dir-se-á que preciso de ser dependente para conhecer o gozo de ser livre! É certamente verdade. À luz dos meus actos, percebo que toda a minha vida parece não ter tido por objectivo senão construir o seu próprio infortúnio: sempre me escravizou o que devia tornar-me livre" [Stig Dagerman]

"A falta profundamente sentida de personalidade criou um estado de incêndio espiritual. Os bois evadem-se dos currais a meio das chamas; o publicista evade-se do assunto a meio da cultura. A meio desta pestilência espiritual, a gente tapa as ventas" [Karl Kraus]

"Quando os vassalos recusarem sujeição e os funcionários se demitirem dos cargos, a revolução está feita" [Henry D. Thoreau]

terça-feira, 10 de maio de 2011

AS TROIKAS


Nestes tempos de euforia salvífica da paróquia - pitorescamente posta a correr pelos jornaleiros da situação & outros caudilhos da União Nacional -, onde uns sadios e castos rapazes da Troika estampam o programa da governação para os fecundantes tempos que por aí vêm, não sabemos se devemos sorrir dessa belíssima comédia ou fugir do mau olhado que temos pela frente. E assim, por prudência, mantivemos a "pedagogia do silêncio", contra a ditadura do pensamento inevitável (obg. A. Nóvoa) e único.

Somos da opinião que as 2 (duas) Troikas que nos enfardelam a vida das palavras são admiráveis. A primeira, obrada pelo sábio Poul Thomsen, via o proverbial compêndio financeiro escolástico neo-liberal, mansamente adiou-nos o mandato de despejo para um próximo cenário. A nossa homenagem! A segunda, a nobre e percuciente União dos penitentes indígenas do sr. Portas, Coelho & Sócrates, vai fumegando ardentes barricadas partidárias, rosnando aqui e ali um "mudar e roupa", trivial & demagógico, sem divergência assinalável. Os mesmos que lavraram a situação dizem-se agora vítimas e propõem vencer a sua própria repugnância. A estrumeira fede! Admirável!

Nestes dias que nos restam até o sábio Thomsen fechar as contas & a fuhrer Merkl tapar a porta da União, os espirituosos candidatos eleitorais, vestindo no mesmo alfaiate, dão-nos lições rimadas nas TV’s (graças eng. Ângelo Correia; ás V. ordens Augusto S. S.), uma graciosa ventura futura (genuflexão dr. E. Catroga!) nos jornais e a serenidade do amor à mocidade & aos lavradores (a benção dr. Portas!). A garotada dos blogs anda, por isso mesmo, deslumbrada. Rústicos paroquianos junqueiram, por exemplo, belos éditos no Blasfémias & Cia. O aranzel do sr. José Manuel Fernandes é, de facto, exemplar único. Uma glória do jornalismo pátrio e um ornamento ao jornal Público.

Entretanto, a União Europeia – essa encanecida meretriz – repousa, entre uma moralidade encantadora e falsa luxúria, à medida que a virilidade do sr. Sarkozy patrocina & a arreata da sra Merkl desvela. Os acessórios, como esta paróquia aqui plantada á beira do Oceano, são meros detalhes. O sustento deste bordel é pensamento reservado. Por enquanto. Afinal, como diria Sancho Pança á sra Duquesa que ouvia orquestras no bosque, "onde há música não pode haver coisas más!". A ver vamos.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

2011 OLIVENÇA - ALÉM GUADIANA


EVENTO: Além Guadiana. Cultura Portuguesa em Olivença;
DIA: 12 de Maio (11 horas);
LOCAL: Casa do Alentejo (Lisboa).

'Além Guadiana, três anos a promover a cultura portuguesa em Olivença' é a síntese de um movimento cultural nascido na primavera de 2008 com o compromisso de contribuir a recuperar, preservar e valorizar a herança linguística, monumental e etnográfica de raiz portuguesa em Olivença, bem como também de fomentar a aproximação cultural da Lusofonia. O ato, aberto a todos os interessados, celebrar-se-á na Casa do Alentejo (Portas de Santo Antão, 58) de Lisboa.

via Almanaque Republicano

domingo, 1 de maio de 2011

IN MEMORIAM ERNESTO SABATO 1911-2011


"Não devemos desperdiçar a graça dos pequenos momentos de liberdade de que podemos desfrutar: uma mesa compartilhada com pessoas que amamos, umas criaturas que ampararemos, uma caminhada entre as árvores, a gratidão de um abraço. Nós nos salvaremos pelos afectos. O mundo nada pode contra um homem que canta na miséria" [E.S.]

"Eu sou um anarquista! Um anarquista no sentido melhor da palavra. O povo crê que anarquista é aquele que põe bombas, mas anarquistas foram os grandes espíritos como, por exemplo, Leon Tolstoi" [entrevista ao diário 'O Tempo', Bogotá, 22 de junho de 1997 - via Wikipédia]

LOCAIS: "Mi padre no nos pertenecía solo a nosotros" / Ernesto Sabato, um resistente / Entrevista a Ernesto Sabato / Bibliografia / "La razón no sirve para la existencia" [Entrevista] / "Diálogos Borges Sabato" / Ernesto Sabato e a melancolia / As relações interartes em José Saramago e Ernesto Sábato

¡Hasta siempre, Ernesto!