terça-feira, 26 de agosto de 2008


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Arribámos! Com muita soidade, algumas rimas e poucas profecias. O nosso veraneio, por natureza sóbrio & casto, foi como "uma gaiola [que] ia à procura de um pássaro". Deixámos, por isso, os nossos folgados indígenas lusos e seus ilustrados conselheiros dos jornais & blogs a caprichar na lição dos assuntos caseiros. Desde que, enfadados, assistimos ao curioso serão do dr. Cavaco que dizemos (como Machado de Assis), "felizes os que podem conhecer a origem das coisas ... e explicá-las entre o almoço e o jantar". Por isso não prevaricamos. Por cortesia e piedade!

Assim, não lemos em todos estes dias, em rigor e extensão, os boletins paroquiais do governo do eng. Sócrates ou as notícias de pesar sobre o adormecimento político da sra. Ferreira Leite; nem acompanhámos os rabichos intelectuais do imortal Alberto João, as rogativas do sr. Aguiar-Branco contra o inefável ministro Pereira ou as composições espinoteadas do dr. Lello; e deixámos de comungar, exaustos de tanta angústia, os escritos humorísticos lavrados pelo jovem João Miranda, a intensidade liberal e a esperteza ruminante dos artigalhos de Sir Carlos Espada e o movimento editorial do portentoso Henrique Monteiro. Não temos perdão! Mas – helás - sobrevivemos (como se vê), o que não deixa de ser um exercício curioso.

Não comentamos, por pudor e tédio, os negócios ideológicos privados do dr. Cavaco e os seus vetos amestrados, mesmo que venha daí, e em particular na Lei do Divórcio, alguma e sábia ponderação no meio da mais trôpega argumentação presidencial jamais publicada ou, como no caso da aprovação cavaquista da Lei de Segurança Interna, se possa declarar a falta de ousadia e aprumo em defesa do Estado de direito democrático. Conhecendo-se o dr. Cavaco e as suas retrincadas evocações ideológicas, não são de estranhar a trivialidade política, o estilo e os detalhes nisso tudo. Um pesadelo!

Deste modo, não fazemos relatórios! Até porque, se a situação nativa é de uma garotice enfastiante, já o mesmo se não pode dizer da actual situação internacional, em particular desse perigoso e pouco humorado jogo de xadrez que se trava entre uma Rússia travestida de potência política e uns EUA que se julgam a única superpotência mundial. Eis, realmente, o que nos preocupa. O resto é a indiferença cheia, como diria o poeta.

E, agora, para ledores originais e de pensamento largo, frequentadores da casa, os que escusam a fadiga e não sucumbem à crítica do tempo – essa poesia primeira –, certos que Everything That Happens Will Happen Today, aqui vos deixamos este clarão primeiro de

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