domingo, 1 de junho de 2008


Manuela Ferreira Leite

"Fui-me confessar e disse / Que não tinha amor nenhum
De penitência me deram / Que tivesse ao menos um ...
" [popular]

Manuel Ferreira Leite venceu as directas no PSD. Como ordinariamente se esperava e a infecta colegiada dos "ilustres" do partido pretendia. No final, a exaltação nas hostes do PSD parecia uma novena ao "glorioso" passado cavaquista, enquanto as diatribes nas hostes do PPD atestam que o serviço por ora feito é prenúncio de aparatoso divórcio. A coisa promete, faça o que fizer o eng. Sócrates, tenha ou não a senhora Ferreira Leite a credibilidade que tiver. O ofício fúnebre da senhora chegará em 2009. Tragicamente!

Manuela Ferreira Leite, nesta sua comédia doméstica, não foi mais que um Sócrates em "tailler" e sob medida. Não tendo uma única ideia sobre a crise económica em curso (que aliás não entende nem pode entender), esquivando-se a qualquer proposta de estratégia política (assunto que sempre lhe tolheu a mente), sem fazer circular qualquer ideologia (social-democrata ou liberal) que agregue espíritos e vontades, Ferreira Leite apresentou o pregão eleitoral que as corporações e os interesses instalados no seu partido esperavam: discurso claro para chegar às "migalhas" que o poder político (por ora socialista) generosamente distribui entre os seus. O "bloco central" (clientela PS+PSD) dos interesses corporativos foi bem ensaiado e está a chegar. Até mesmo o sábio Cavaco, em ânsia inédita, a isso se referiu em doce pastiche. Ao que parece a profecia de Sá Carneiro está prestes a cumprir-se: "uma maioria, um governo e um presidente".

Em tudo isto - fora as futilidades do jovem Ângelo Correia encarnado na figura de Passos Coelho (que fez a delícia aos ouvidos dos adeptos da superstição liberal: leia-se a prosa cariciosa de Lomba & Mexia, no DN de ontem), o esforço cénico desse original que é Santana Lopes ou os impropérios rústicos de Menezes a JPP – só ficou entre "boca e louca" uma curiosa afoiteza da senhora do défice: a sua putativa credibilidade e a ostentosa conversão à "questão social". A chacota política disso tudo virá de seguida.

É só esperar para ver o que Ferreira Leite dirá das avultadas medidas anti-sociais que o eng. Sócrates e os seus boys tomam na economia, na saúde, na educação, na justiça, para ver a hipocrisia disso tudo. Até se entender que, mais que fazer frente a uma situação económica e social caótica (que seria um exercício académico respeitável), se promove a guarda do "rebanho" para o futuro e pavoroso bloco central em 2009. Até lá, não há milagre que nos salve. Que vos salve!