Gaspar Simões: 20 anos passados sobre a sua morte [1903-1987]
[via evocação de mestre Gaspar Simões, em post do dia 6 de Janeiro por João Gonçalves]
"A posição do crítico é difícil e a sua missão ingrata. Demais, num país como o nosso, pouco dado à disciplina intelectual e avesso a toda a espécie de critica, de tal modo se arreigou nos autores a ideia de que o critico é um inimigo que nenhum critico o pode ser lealmente sem que sobre ele pese a má-vontade e o ressentimento dos que escrevem ..."
[Gaspar Simões, in João Gaspar Simões 1903-2003 . Evocação de uma Presença, Catálogo bibliográfico da Biblioteca, Museu e Arquivos da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Maio 2003, p. 33]
"Sou um homem morto para a epistolografia. Que dirá o futuro sobre esta minha aversão? Como se morderão de raiva os meus biógrafos, não encontrando rastos da minha vida nestes anos que giram à volta dos meus trinta e um anos. Como se vê, penso serenamente na posteridade. Esta carta, com pouco mais de gramática que as anteriores, vai ser disputada ruidosamente pelos coleccionadores de manuscritos do ano 2000. Que bom pensar assim tão confortavelmente na posteridade"
[Gaspar Simões, carta (09/06/1936) a Adolfo Casais Monteiro, idem, ibidem]