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"Não há mais que silêncio em toda esta cidade. Silêncio e fome. Acabo de percorrer toda a Rua do Ouro e a Rua Augusta e reparei que ninguém falava, As pessoas cruzam-se em silêncio, e mesmo que se conheçam não se cumprimentam; e nem no Chiado, onde está o maior comércio, ouvi uma só voz. Que silêncio. Que diferença entre a ruidosa Madrid e a cidade de Lisboa (...)
Que fazer para sobreviver num lugar onde bem sequer se pode pedir esmola em voz alta, porque é considerado como um estrago de riquezas. Que fazer ..."
[Reynaldo Arenas, O Mundo Alucinante (de 1966), Dom Quixote, 1971]