quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

O CORAJOSO ENG. SÓCRATES


Hoje foi dia de exposição política. No cadeiral de S. Bento não houve tumulto nem sedição alguma. Não vimos isso, nem haveria arrojo para tanto. O anfiteatro dispensa tais delírios, aliás respeitáveis, quando se está de governo e se tem convivas defuntos. Naquela casa de fadas, o eng. Sócrates, semeado de rosas pela bancada da União Nacional, celebrou, ex-ante, a missa natalícia.

Ao seu lado direito, a cópia estava sorridente, grato de assunto, mesurando o dever de escrivão. Impecável, Silva Pereira revela nos olhares a entusiástica admiração pelo governador da paróquia. A inclinação, astutamente para a esquerda, era encomendada pelo dr. Santos Silva. Do lado direito do engenhoso leader, disfarçado de ministro, estava a cabeça das corporações académicas, o senhor Mariano Gago. Reputado e saudável. Enquanto isso, a ala esquerda do partido rosa no governo, sem forças e sem verve, passeava cabisbaixa pelos Passos Perdidos. Entretanto, Marques Mendes não atinava com a prosápia do abominável Sócrates. O homem não se levanta, mesmo quando a agremiação do governo se deleita com inenarráveis salazarices. E lá correu a soirée, entre aclamações, vivas e olés.

Esta posta não ficaria sugestiva se, para nossa glória e bem à maneira do espiritualíssimo Bettencourt Resendes, não registássemos o memorial do eng. Sócrates. Este, em resposta a uma malvadez qualquer da canalha da oposição, e mal tomando a cadeira do discurso, logo avisou, com autoridade, ambição e insolência, que era corajoso. Muito corajoso. Retorcidamente corajoso. Bravo como um soldado. Era a primeira vez que um primeiro-ministro adulava e tomava por suas as palavras dos Bettencourts Resendes. Tal empréstimo será doravante a bula Socrática. Não há nenhuma ERC ou ERSE, qualquer ministro Manuel ou Pinho, ou até mesmo um simples secretário de estado, que faça cair a soberba lúcida & grotesca do eng. Sócrates. Coisa de pasmar!