segunda-feira, 13 de novembro de 2006
Lunário curioso & útil ao Partido do Governo
[Em louvor de Pedro T. Mota que deixou o Borda d'Água]
Há muito a fazer no mês de Dezembro. A invernia pode vir por aí arriba, sem um queixume e tremenda de memória. Como o ano entrou num Domingo, dia do astro Sol, então será áspero o Inverno e, como o Sol tem a regência do ouro, pode observar-se sangria financeira, para o final do ano. Advirta-se que nem o mor Santo Coelho do Rato pode alentar os fiéis da rosa nessa pungente dor. A tardança é uma enxertia arrojada. A máxima será: quem planta no Outono leva um ano de abono. A semente a ser coberta deve obedecer à poética: bom estrume e bom lavor / traz tudo que é um primor. Um podador é, pois, preciso.
Sabe-se que Júpiter e Saturno deixam a quadratura em Dezembro próximo, significando que os ajustamentos serão tensos a partir daí. Saturno representa inquietações, desconfianças, misérias. Os trabalhos de casa, quando feitos sem cautela, não correrão conforme a prognosticação da fazenda. Desconfiai quando os tempos se trocam, denota carestia (thks old Lunario Perpetuo). Cautela, pois!
Nos empregos públicos, nos pregões matinais da Bolsa, nos hospitais e hospícios ministeriais (salvé Correia de Campos), nos estabelecimentos expostos à concorrência externa (thks ó César das Neves pela lição), na agricultura & jardins perfumados (como diz o povo: no minguante colhe bolotas), no expediente da Justiça & dotes, nas tabernas privadas e ofícios correlativos liberais, nas lojas de câmbio ou vulgo Bancos do Espírito Santo, nas hospedarias do Terreiro do Paço, nas mansardas (José Cid, off course) indígenas, aconselha-se mais vigor e menos resignação, limpar da vista e do coração os lambe-botas e tratá-los com a mesma cautela com que se colhem as rosas, ou vigiar de perto os éditos do José Manuel Fernandes.
Deve-se ser prudente à menor maleita, e se a condição de baixa não diminuir, pode-se administrar um caustico no peito do enfermo, continuar a dieta financeira, tomar vinho de quina (69 gr.), xarope de flor de rosa (1 onça), mudando-se o doente de posição. Se for caso grave, o tratamento começa por um vomitório simples, seguido de banhos frios, olhando de frente um cliché de mestre José Lelo embebido em vinagre, e se for tomado de conjuntivite no exercício, deve aplicar-se pomada Silva Pereira, a que não cansa a vista.
Vale