terça-feira, 22 de agosto de 2006
Folheto da reentré
"Com orelhas direitas como livros amados,
eu ouvia a chegada ..." [Herberto Helder]
Depois de afagos de veraneio pendurámos a lembrança, em local decente. Nas muitas noites-ligados-a-dias sem novelas da paróquia, sem ambição de coisa alguma e em salutar "metafísica do ócio", a iluminação teria de ser total. E, na verdade, foi a nossa abastança virtuosa. A "estrita" observância a paixões deliciosas e sentimentos d'ócio peculiares, fez prolongar a visitação extraordinária, assim a modos "como gatos espapaçados ao sol" [M. Bandeira]. As instruções, os preceitos e as exortações do vate Sócrates & sua imprensa amestrada, não nos importunaram. Fomos piedosamente poupados à erudição doméstica. E, claro está, podemos dizer, humildemente ... que "cumprimos"!
Feito o devido reparo a ledores atentos e a outros mais ditosos, que bem alegres estão na cobiça do "lava-pés" algarvio ou em convivência bloguística continuada, diremos que, apesar do macio dos lábios, do coração pulsando e da mentira dos homens, não nos perdemos das correntezas da infame humanidade.
E lembrando Jorge de Lima:
"... A vida está malograda.
Creio nas mágicas de Deus.
Os galos não cantam,
A manhã não raiou.
Vi os navios irem e voltarem.
Vi os infelizes irem e voltarem.
Vi homens obesos dentro do fogo.
Vi zigue-zagues na escuridão ..."
espero que tenham uma agradável ceia e ... café gostoso. Até lá, aguçamos o teclado. Gratias!