quarta-feira, 29 de março de 2006
Hip Hip Hurra! E. P. C.
De 1944 até hoje, após longo espernear em desmandos de "sexo vertical" & outras "aulas de substituição" bem mais civilizadas, o nosso E.P.C. - alma falante e "enfant terrible" do corpus pensante indígena - está cada dia mais e mais divino. A presuntiva lenda, mesmo inebriante que seja entre os seus mais preclaros amigos, dessa "bolinha semiótica" rolando ao longo dos corredores universitários da Faculdade de Letras em demanda da concupiscência estética & cultural, entre o olhar ridente do eterno feminino e o pranto comovente da rapaziada, ainda hoje nos intimida e esmaga.
Não sabemos dizer quantas noites fantasiámos (com alguma vaidade, diga-se) na vil esperança do peso do corpo do génio, embriagado entre a litania de mestre Barthes e a récita esbraseada de Lacan, ceder no meio do cortejo oceânico feminino que agitadamente se formava, abandonando a tutela desse "continente negro" (está Freud a passar por aqui) aos nossos gratos corações. Tudo para que num golpe de asa, grave e manhoso (e decerto implacável!), desvanecêssemos num ombro feminino, culto e avisado. A fraqueza humana é admirável, mesmo em sonhos. Mas debalde! A inteligência doméstica de mestre E.P.C., qual "abelha industriosa", em esforço eréctil explicativo fazia-se ouvir: "Esta é a mulher, com suas ancas equilibradas na ciência do excesso". A vertigem da citação de Herberto Hélder era fatídica. E foi, desde sempre, assim. Eduardo Prado Coelho tinha (e tem) um dom meticulosamente providencial.
Faz hoje anos. Parabéns e muitas felicidades.