terça-feira, 15 de novembro de 2005


Don't cry for me, Cavaco Silva!

A prestação televisiva do dr. Cavaco Silva, ontem na T.V.I. foi medíocre. O ilustre candidato da União Nacional apareceu velho e cansado (vá-se lá saber porquê), viciado em dizer coisa nenhuma, inebriado pela cadeira presidencial. Ninguém lhe tira uma única ideia, para além da banalidade costumeira sobre como evangelizou os indígenas, noutros tempos, e a mesmíssima propaganda dos cargos obtidos. O dr. Cavaco Silva, não mudou nada, em todos estes anos. A mesma pose colérica, quando é contraditado, a mesma arte de falar sem substância que se veja, a mesma ginástica de não se comprometer com coisa alguma. De facto, como diria o Vasco, "o homem não existe". Porém lá estava. Evidentemente, os debates futuros o confirmarão.

Sabe-se que a direita, em Portugal, é tendencialmente ignorante. Que por razões de "fé" (e trabalho, muito trabalho) tem a imp(r)udência bondade de ceder a cadeira da coisa pública a uns seus subordinados. Por vezes, no apuro da escolha, erram grosseiramente. E poucas vezes se deram bem. A direita portuguesa sofre, há muito, de iletrismo político e cultural. E só atinge o púlpito da felicidade por via de outrem. Mas, mesmo assim, é perfeitamente espantoso como os devotos apoiantes do candidato Cavaco, benignamente, pactuam com tamanha mediocridade. A meia hora de frivolidade televisiva enunciada pelo putativo candidato, não é indiferente a quem a ouve. Não torna alguém mais esclarecido. Mais sensato. Mais empenhado no que pode "dar" à nação e ao país. Mais cidadão. E, por isso, não autoriza, em nenhum momento que seja, aceder à bondade expressa pelo candidato de querer "salvaguardar o futuro dos portugueses". Que é, afinal, a única coisa que, pela sua própria voz, lhe ouvimos pronunciar. Haja decoro.