sexta-feira, 29 de julho de 2005
Alexis de Tocqueville [n. 29 Julho 1805-1859]
"A liberdade política dá, de quando em quando, a certo número de cidadãos, sublimes prazeres. - A igualdade oferece diariamente uma multidão de pequenos gozos a cada homem. Os encantos da igualdade sentem-se a todo o instante, acham-se ao alcance de todos; os mais nobres corações não lhe são insensíveis e as mais vulgares almas nela encontram suas delícias. A paixão originada pela igualdade deve, pois, ser simultaneamente enérgica e geral"
"Nos tempos de igualdade, os homens não têm fé alguma uns nos outros, por causa de sua semelhança: esta própria semelhança, porém, dá-lhes uma confiança quase ilimitada no juízo do público, pois não lhes parece verosímil que, possuindo todos luzes semelhantes, não se encontre a verdade com a maioria ... Por conseguinte, o público possui, entre os povos democráticos, um poder singular, cuja ideia as nações aristocráticas não podiam sequer conceber. Mão insinua, mas impõe as suas crenças, fazendo-as penetrar nas almas, por uma espécie de imensa pressão do espírito de todos sobre a inteligência de cada um?"
"[é] na comuna que reside a força dos povos livres. As instituições comunais são para a liberdade o mesmo que as escolas primárias para a ciência; colocam-na ao alcance do povo, permitem-lhe saborear o seu uso tranquilo, habituam-no a servir-se dela. Sem instituições comunais, pode uma nação escolher um governo livre, mas não possui o espírito da liberdade. Paixões efémeras, interesses momentâneos, o acaso das circunstâncias podem dar-lhe as formas exteriores da independência; mas o despotismo, recalcado no interior do corpo social, cedo ou tarde reaparecerá na superfície"
[Alexis de Tocqueville]