domingo, 27 de fevereiro de 2005
Um Homem Incerto
José António Saraiva é um dos pregadores do reino. Um engasgado e alucinado comentador da coisa pública, inflexível no seu penoso trabalho de escrita, quase sempre monótona, medíocre, sem elegância nem talento. Polémico, obcecado pela rincharia dos indígenas e da classe política, desalentado com o país e o mundo, as suas crónicas são brincadeiras ligeiras que o mistério da política exige que se leia. Um exemplo perfeito do que valem alguns dos jornalistas portugueses. É director do jornal O Expresso, para glória nacional.
O homem que, implacavelmente, esculpe a "Política Portuguesa", fragmentando assombrosos e convictos prognósticos que fazem sorrir o gentio e ao mesmo tempo embevece os responsáveis partidários, o homem da famosa "picadora 1,2,3", diz-nos esta semana, sem qualquer decoro, que Marques Mendes é "um bom líder para o PSD" e, pasme-se, "pode ser um bom primeiro-ministro de Portugal". Apesar de ser uma mera "sobra" do imenso rol de candidatos possíveis à liderança do PSD e de presumir que majestosamente chegue a 2009 incólume, na sequência da surpreendente tese, do mesmo Saraiva, que os governos têm a validade de quatro anos, sejam eles quais forem e façam o que fizerem. Saraiva sabe. Como sabe de sondagens eleitorais. Não há qualquer dúvida.