domingo, 20 de fevereiro de 2005


Reflexões de todo o País: Uni-vos

Nós por cá, depois de glorificação ao aconchego do doce lar, com mar ao fundo, observando as miudezas da Comissão Nacional de Eleições, que pastoreia o gentio imprudente do jardim eleitoral, por não termos presenciado ao longo da jornada qualquer dissertação vinda das cabanas político-partidárias, seguimos a máxima luxuriante: "a noite é quando uma pessoa está cansada do dia". Muito bem. Somos infinitamente cumpridores.

Daí que, depois do "argumenta só contigo, e deixa as questões alheias", no que foi um exercício pedagógico inolvidável, deixámos de ler o precioso catálogo do Luís made in Artes e Letras sobre literatura africana e colonial, arrastámos o velho Inocêncio do Dicionário, para o lado, enquanto "A Neo-Classical Theory of Economic Growth" do curioso Meade era arrumada, com decência, in su situ. E lá fomos arrastados para o Carrossel em busca de uma maçada de cherne.

Considerando a fortuna de não termos deparado à porta com o menino-guerreiro ou recebido o choro desvalido do vendedor de submarinos & outros anfíbios ao longo da doca, a noite apressava-se serena e esperançosa. E cumpriu-se. Até a lagartagem arruou, por respeito e ingenuidade. Lindo!

Meus amigos: quão venturoso foi este santo dia de reflexão. Nos nossos lábios não mais se levantará falso testemunho. A nossa fé, mesmo que regada com um simplório Planalto estupidamente gelado, reprime-se em suspiros de paixão. A imortal elevação reflexiva d'hoje, que fez gemer todos os gentios, terá de envolver todos os dias do ano. À atenção, pois, da veneranda e estimável CNE. Entretanto ... vá votar!