terça-feira, 8 de fevereiro de 2005
[Ao volante pela A1]
A Blogosfera está prostrada de gratidão eleitoral. Escrupulosamente saiu do dolce far niente da instrução cívica-democrática-poética aos indigenas, como se substancia ao longo do ano, para se assombrar no ardor da campanha eleitoral. De repente, alguns suplicantes do aparelho partidário tiram o luto e o horror que abraçaram em tempos próximos para, arrasados que estão no terror da batalha, invocar impressões reveladoras e fragosas prédicas emotivas.
Fazendo jus ao novíssimo blasfemo, íamos nós, em sublimidade, ao volante num pequeno-burguês Sport Coupé Classe C pela A1, quando observámos a alegria festiva do povo, apinhado em modernas carroças e corajosamente enlevado na sua passeata ao Portugal profundo. Ao princípio reconhecemos que ia ali gloriosa expedição carnavalesca, mas o parco entusiasmo manifesto e a TSF cedo nos revelou que a circulação era devida aos comícios que ontem espontaneamente brilharam para os lados de Castelo-Branco. Não nos benzemos, como o inefável blasfemo, mas serenamente e longe das emoções do voto virámos em direcção a Vieira de Leiria (ao que parece, em Fátima, a Tia Alice estava fechada) a caminho do Coelho, para uma açorda de marisco. Percebemos, de imediato, a importância do voto. Entretanto a nossa Briosa perdeu com o nosso Glorioso. Ao que nos contaram, entretanto, o petrificado Eurico de Melo, o jovial post-keynesiano Alberto João e o quebrantado Sarmento trocaram abraços e vocábulos alegres entre a turba a caminho do futuro. Bom Carnaval.