domingo, 9 de janeiro de 2005


"They who lose today may win tomorrow" [Cervantes]

A cantilena do nosso amigo inglês, bem nutrido de Cervantes, sobre aquele jogo no sítio d'Alvalade, pareceu-nos adulterada. Os brados da rapaziada verde eram pouco misericordiosos. O inglês não mostrava desvelo algum pelo pormenor. Bem tentámos apelar ao pecador, fã incondicional de Ferguson, para a generosidade do seu fervor à lide da bola, como se estivesse em Old Trafford. A imaginação não ocorreu, ao que julgamos.

Lá explicámos, que nada mais humilhante que brincar ao futebol sem qualquer espírito de confiança, linha de rumo, fio de jogo, eu sei lá que mais. Até, por iluminação divina, revelámos compreender o modo com que os vermelhos da Sagrada Luz, permitiram deixar correr o cerimonial do jogo a favor dos abnegados jovens d'Alvalade. A rédea solta ao ímpio era para confundir, tá claro. O tom paternal não vingou. O amigo inglês começava, logo, a falar do Bruno Aguiar, dum tal João Pereira, daquele velho senhor que estava sentado no banco a ordenar.

Bem tentámos replicar que o que gramávamos era que o Filipe Vieira & Veiga concorrem-se à câmara do Porto, lado a lado com o exemplo vivo do intelectual tripeiro, Pôncio Monteiro & Costa, Inc.. Mas não houve convencimento. Há momentos em que o coração não pratica discursos, só prantos. E se o inglês continuava pouco complacente ... Valeu-nos um bar irlandês, para nossa vingança. O amigo de Sir Alex restou um túmulo. Fomos felizes na táctica escolhida.