quinta-feira, 20 de janeiro de 2005


Portugal & Sebastianismo

"D. Sebastião continuará o mito do Rei Artur, como modelo exemplar da soberania; do rei que, oficiante e vítima, se oferta e imola no sacrifício ritual do seu reino, dele seu representante, a ele identificado transcendentemente; e o que, após longa dormição, o virá salvar. E assim como os Cavaleiros da Távola Redonda foram exterminados na batalha de Camlan, assim o forma os cavaleiros da nobreza do reino lusíada na batalha de Álcacer Quibir: mas também depois de sua morte, seu longo período de pausa e ocultamento, o rei salvador voltará ressuscitado, purificado e iniciado, para redimir e ressuscitar o seu povo. E entretanto, como Artur ficou permanecendo na ilha de Avalon, centro do mundo, assim também D. Sebastião ficou permanecendo na sua Ilha Encoberta, como outro centro do mundo" [Dalila Pereira da Costa, A Nau e o Graal, 1978]

"Ser navegador ... Ser navegador
Não é termos sido é sermos ainda
É irmos a Vénus ou seja onde for
Esperar os cornos onde o espaço finda

É haver Camões como uma revolta
E haver Gil Vicente como um desafio
A esse Encoberto que nunca mais volta
Porque é pretexto do nosso vazio
"

[Natália Correia, in De Comunicação, 1959]