segunda-feira, 10 de janeiro de 2005


O turista Morais Sarmento

Morais Sarmento, numa ladainha déjà vue, deplora a "lamentável falta de sentido de Estado" dos portugueses que pagam os seus impostos, que não usam e abusam dos privilégios do aparelho do estado (que ainda os há, pasme-se!) e que, muito justamente, consideram despropositado a fadiga do turista Sarmento em terras de S. Tomé e Príncipe, em suposto trabalho porfiado de cooperação no audiovisual. Numa linguagem de trapos, o ministro da Presidência consente que o seu gabinete pronuncie uma enternecida e putativa indignação ministeriável aos estupefactos indígenas lusos, de uma grosseria nunca vista. Bem podem os habituais colunistas da pátria reclamarem, mais uma vez, da inveja lusitana, da grosseria do lumpen, da latrina da plebe. Sabemos os que os move.

A historieta é de tal modo dementada, que Santana Lopes se aproveitou, de imediato, do vigor emotivo e patriótico do seu ministro, para se dissociar do seu extenuante trabalho. A vingança em Santana Lopes costuma servir-se fria. De outro modo, o encantador presidente da RTP, misteriosamente nada nos diz sobre as desventuras do seu patrão em terras de S. Tomé. Afinal, se o incansável presidente da RTP não tem autonomia para assinar acordos na sua área, necessitando dar boleia a outros, para que é que serve? Pode-se saber?