sábado, 8 de janeiro de 2005
Já tomou seu bridge hoje?
"There are two times in a man's life when he should not speculate: when he can't afford it and when he can" [Mark Twain]
Nos tempos em que afogávamos a devoção às respeitáveis virtudes dos lentes de Coimbra, em afectuosa gratidão e máxima reverência, era certo e sabido que por clemência à sebenta nos espraiávamos, madrugada dentro, no empreendimento bridgístico. A máxima era sempre a costumeira citação de Kaplan: "a terrible year for wine but a great year for bridge players". Certo, era que a confissão nunca foi provada. Ao sacrifício das aulas apurávamos nos mistérios do vinho e na observância do cumprimento do bridge.
O reparo do ilustre jogador americano não nos afectava, por aí além. A rua dos Combatentes tinha sempre resguardo oportuno, que interpretávamos muito bem, principalmente quando a crueldade dos dizeres do marquês de Severo sobre os ditos não terminava, invariavelmente, em religiosas reflexões para enólogos assombrados. O zelo assim manifesto dava alento para as adversidades da madrugada, feita de contagens de mão, contratos doidivanas, choros a vazas perdentes, squezzes à la mode, falta de mãozinhas para o outro lado ou apuramentos pífios, sempre à sombra do morto que castigava, entretanto, em vazadas de um trago, um qualquer Douro amigo. Tempos gloriosos. Que hoje confirmámos.
Já tomou seu bridge, hoje?