quarta-feira, 17 de novembro de 2004


[Um governo a ver navios]

O Congresso de Barcelos foi o funeral do antigo PSD. Hoje, o partido é um cadáver. Vencido pela fadiga, pela putativa adulação ao "santo" Lopes e à sua glória, endiabrado por gente sem escrúpulos, o espírito do "velho" partido social-democrata foi exterminado na ponta da língua de Moraes Sarmento, no rinchar de António Preto, na respinga de Henrique Chaves, perante o alto "astral" de Santana Lopes. Donde saiu toda essa gente deixa qualquer um incrédulo.

A persistência desses cavalheiros à frente do destino do país e a mediocridade a que se chegou vence de fadiga qualquer um. A pretensão exibicionista dos comensais do PP em Barcelos, a cantilena irónica de flirt com o PS dada pelo inenarrável Coissoró e o desatino do tripulante de fragatas Portas às perguntas da comunicação social, abala a inteligência venerando do indígena luso.

Entretanto, o eleitor teve a grata visão de observar o ritmo e o movimento marítimo das reformas governamentais em terreno líquido, nova estância de veraneio do Conselho de Ministros. Impressionado com tudo isto, o doutor Sampaio encontra-se acamado, o soba Luís Delgado reconhece que Santana domina os dossiers, em especial a autópsia "integral" da economia, enquanto o seu patrício Bettencourt Resendes confirma a "ausência do inimigo" em terreno laranja, o que deixa antever uma emocionante caminhada de Lopes & Portas, ouvindo-se já as cítaras e flautas que com vigor artístico Gomes da Silva e Pires de Lima Filho tocam. Encantador.