quarta-feira, 15 de setembro de 2004


O Discurso da Coisa

- Paulo Pereira Coelho, aparachick laranja, andava aguilhoado de consciência. Depois de escarpar em terras da Figueira da Foz, onde deixou farta sementeira cinzelando confrontos curiosos, resguardou-se para lides mais nobres na CCDRC, estando, de momento, ornamentado com o inteligente título de secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna. Não lhe bastava o chorrilho de trabalho que com gravidade manifesta em acidentais convívios tribais, para num rasgo vibrante em louvor de glória futura anunciar o prometido processo por difamação aos vereadores da oposição no município da Figueira da Foz, a propósito da alienação feita pela edilidade com os terrenos da ponte Galante. A coisa não ficará, pois, por menos.
Doravante, seguindo o receituário do Estado de Direito, que a classe política perfuma quando sufocada, se qualquer IGAT eminentíssimo reconhecer como válida uma chalaça como a venda em causa, será ocasião para os governantes fustigarem nos tribunais os indígenas que enxergam a pouca solidez de tais singulares negócios e perseguirem a emperrada linguagem da plebe com o chicote da lei. Excelente ideia.

- a peixeirada no PS em torno dos trágicos acontecimentos da lota de Matosinhos durante a campanha do saudoso prof. Sousa Franco promete. O insólito de não se prescrever, clara e definitivamente, a expulsão do Seabra & do Narciso do feudo de Matosinhos e da vida partidária; a manifesta hipocrisia do bestial José Lello e do tedioso Francisco Assis face ao pretenso timing do relatório dos incidentes e, presume-se, sobre o seu conteúdo, revelando o poder do aparelho e a afronta de carácter desses sujeitos, é simplesmente brutal. Não se percebe como, um dia destes, podem aparecer, afinadíssimos, a fazer juras de pax democrática, credibilidade política e de seriedade legítima. Ninguém os poderá entender. Se alguma vez o conseguiram. É triste.