quarta-feira, 18 de agosto de 2004


Simplesmente ... Sampaio & Moura

"Bem merece o engano, quem creu mais o que lhe dizem, que o que viu" [Camões]

Este voluptuoso país, com a sua Presidência da República sólida de improviso legalista e extremada de oferendas inenarráveis ao estado de direito, com uma PGR alquebrada entre os interstícios do regime judiciário e irredutível em actos de contrição, tornou-se uma fastidiosa demonstração de mesquinhas guerrilhas marteladas um pouco por todo o lado, uma patética e irreparável comédia caseira, uma bizarria para a geração vindoura.

As ferventes posições do dr. Sampaio, sem talento e sem probidade alguma, em prol da hospedagem de tudo o que é mais duvidoso do sistema judicial português, segurando e assumindo a defesa de quem - como Souto Moura - não sabe (ou não pode) governar a sua própria casa, que é afinal a morada primeira do sistema judicial indígena, há muito deixou de ser surpresa ou provocar qualquer tipo de estupefacção.

O dr. Sampaio, com a naturalidade que lhe assiste, pretende ser uma espécie de rainha de Inglaterra, abstendo-se de qualquer ritual de descortesia para com os interesses da partidocracia estabelecida. E se bem o pensou, melhor o fez. As laudatórias ao senhor Souto Moura pelo PR, concebidas em judiciosos pareceres que ninguém, de boa fé, entende ou acata com tranquilidade, o suposto pronunciamento de Santana Lopes por "pactos" de regime, certamente substanciosos e geniais aos olhos do bloco central, bem como as inacreditáveis afirmações do senhor PGR sobre fugas de informação e violação de segredo de justiça na sua própria morada, tornarão imortal essas bizarras figuras, Sampaio & Moura. E mesmo que amanhã o país saiba de novas tragédias e singulares acontecimentos, pois que a desgraça humana é fértil e os jornais subsistem, a lição encantadora que se espera do prudente e piedoso português é que se incline, genuflexo, diante da têmpera de tão inquebrantável duo. Deo Gratias!

Nota ou prancha: os confrades da GLQL, pela pena ígnea do Manuel e em clamor retumbante a uma posta almocrevada, não gostaram de andar na ilustre companhia dos escribas do CM, de parte luminosa do MP e da gratidão da governação laranja. Temos pena da comovente angústia da GL. Porém é disso que se trata, nada a fazer. A linhagem das afirmações proferidas, ao longo de vários posts limianos, vai nesse sentido, pois dimana-se a defesa, a qualquer preço e sem condições, do trabalho do senhor PGR e do MP no tumultuoso sistema judiciário português. Mais, compreende-se a defesa viçosa, pelo Manuel, do MP contra os vilões da política, bem distribuídos que foram os arremedos feitos a CAA, a Vital Moreira e a JPP. Apesar das certezas da GL, o sistema judicial português caminha para o caos, com tudo o que isso implica para o Estado de Direito. Para uns, como a GL, o influxo judicial faz-se com o actual PGR como companhia, para outros, nesse sacerdócio não entra tal magnifica figura. É tudo.