segunda-feira, 31 de maio de 2004


Tédio por Lisboa

"A pedra abre a cauda de ouro incessante, / só a água fala nos buracos" [HH]

Nada de calúnias sobre Lisboa. A reprimenda que se pode fazer ao longo da peregrinação pela cidade, deixemo-la aos seus cidadãos. Dizem alguns que as cidades que mais amamos "são aquelas que nunca vimos". Pode ser, não sabemos. Mas, entre aquelas que estimamos chega um dia em que o encanto se quebra. Lisboa espraia-se no irrisório da paisagem, por entre ruas e casas a cair de tédio, vielas sujas mutiladas por pessoas tristonhas e impotentes, pacientemente cotejando modernidades mil, que tardam a acudir. Mas basta soletrar o seu nome, para fazer evocar a sua soberba embebida em história lavrada que nenhum olhar consegue esquecer. Mas, regressamos ... sempre. Como se silenciosamente bordássemos um corpo lânguido de mulher.

Fora isso ... a romagem ao Chiado e Bairro Alto foi admirável. Não tínhamos entrado no mundo. Evidentemente, "le centre du monde est partout e chez nous" [Eluard]