terça-feira, 11 de maio de 2004

Desafio

Passeava a formosa Laurentina
Pelos domínios do Marquês de Angeja,
E despontava a lua alabastrina
Por cima dos telhados da Igreja.

Com receio de que a mãe suponha, ou veja,
O que entre o par rebelde se maquina,
Dá-lhe ele a ela um frasco de morfina
E ela a ele um copásio de cerveja:

Toma! lhe diz, três vezes repetindo
A clara frase e paternal de - toma! -
Toma! lhe diz, e estende o braço lindo.

Mas ele, que três vezes foi a Roma,
Julgando que no frasco há fel, sorrindo:
- Duvido que haja puta que me coma!

[João de Deus, in Criptinas, ed. & ETC, 1981]