sexta-feira, 30 de abril de 2004
Oliveira Martins [1845-1894]
n. em Lisboa, 30 de Abril de 1845
"… O trabalho dividido, parcellario, é a causa do embrutecimento e da miséria moral e material do trabalhador, a Economia Politica responde: fatalidade! como se na natureza podesse encontrar-se uma lei de anniquilação. As forças naturaes trazem a morte sim quando não comprehendidas; assimiladas são necessária, absolutamente a vida. O facto do embrutecimento do trabalhador pela divisão de trabalho é reconhecido por todos; Say escrevera: «Em resumo pode dizer-se que a separação dos trabalhos é um emprego hábil das forças do homem, que augmenta prodigiosamente a produção da sociedade, mas que diminue a capacidade da cada homem individualmente considerado». Tocqueville precida ainda: «Á medida que o principio da divisão do trabalho recebe uma apllicação mais completa, torna-se o operário mais fraco, mais dependente; progride a arte e o artista retrógrada». Ora se esse progresso da arte está na natureza, encontrar-se-há n'ella a diminuição do homem? Os economistas, preoccupados com a politica, calam-se, e offerecem como correctivo as escholas e a caridade. De modo que a organização do trabalho constaria de dois pólos anthiteticos: a instrução creando, o trabalho destruindo…"
[J. P. Oliveira Martins, in Theoria do Socialismo. Evolução politica e económica das sociedades na Europa, Lisboa, 1872]