quinta-feira, 8 de abril de 2004
O Tempo e o Modo [nº 1, Janeiro 1963 ao nº 126, 1977]
"Revista de pensamento e acção" publicada em Lisboa (1963), dirigida sucessivamente por António Alçada Baptista, João Benard da Costa (a partir do nº 69/70) e Luís Matoso, foi inicialmente um projecto de jovens católicos (JUC) não-conformistas de antanho interessados em "desvincular toda uma geração do laço orgânico da versão salazarista do catolicismo" (Eduardo Lourenço), uma "revolução silenciosa" (idem) face à ditadura, uma "luta contra a desordem estabelecida" (Benard da Costa), de dissidência estética/politica/literária e, de facto, de crucial interesse para toda uma geração que não se revia na corrente dominante da oposição à ditadura. Caminhou, portanto, do "personalismo" à L'Esprit sob a direcção de Alçada Baptista (surgem debates sobre a problemática da função da arte e da crítica, ciência e filosofia, teatro e ensaio literário, no que conta com a participação de Herberto Helder, Sophia Mello Breyner, António Ramos Rosa, Vergílio Ferreira, Jorge de Sena, Cardoso Pires, Nuno Bragança, Abelaira, Murilo Mendes, Nuno Júdice, José Bento, Casais Monteiro, António Pedro, Agostinho da Silva, Agustina Bessa Luís, Alberto Ferreira, Almeida Faria, Angel Crespo, António Franco Alexandre, António José Saraiva, António Osório, Baptista-Bastos, Edgar Morin, Eduardo Lourenço, , Eduardo Prado Coelho, Fiame H. P. Brandão, João Rui de Sousa, José Augusto França, José Blanc Portugal, , José Gomes Ferreira, Rodrigues Miguéis, José Marinho, Palla e Carmo, Francisco Rebelo, Mário Soares, Jorge Sampaio, Michel Foucault, Paulo Quintela, Ruy Belo, Ruy Cinatti, Vasco Pulido Valente, Benard da Costa, Jorge Sampaio; Vítor Matos e Sá, etc.), para a partir do nº 69/70 enveredar, sob a direcção de João Benard da Costa, e principalmente a partir de Luís Matoso para uma maior influência na formação da "nova esquerda portuguesa", assumindo, já perto de 1974, uma posição marxista-leninista, versão EDE/MRPP, sob a direcção de Guerreiro Jorge.
"... Assim, pretendemos lutar, a nosso modo e também, contra a geral «desordem estabelecida», isentos de qualquer confessionalismo ou partidarismo politico concreto, preocupados em localizar e fazer incidir o nosso esforço sobre a análise, clarificação e resolução dos problemas que afectam o nosso tempo particular, propondo-nos especialmente – reflectindo uma concepção libertadora e progressiva da História e da Pessoa Humana, que acentue o primado desta sobre as necessidades materiais e técnicas colectivas em que se baseia o desenvolvimento – estudar com atenção crítica todas as formas de regressão e entrave a esse seu progressivo desenvolvimento..." [Editorial do nº 1, Janeiro de 1973]