sábado, 24 de abril de 2004
"Memórias de Américo Tomás" (II)
[Despacho número Cem] "Na comemoração de um dos aniversários do Despacho número Cem, tive ocasião de proferir o seguinte discurso:
«Comemora-se hoje em todo o País a promulgação do Despacho número Cem, um texto de grande importância para a Marinha Mercante de Portugal, e a que foi dado esse número, não por acaso mas porque ele vem na sequencia de outros noventa e nove anteriormente promulgados" [in, revista Opção, Ano II, nº 30]
[O Cinema] "Eu gosto muito de cinema. Quando era novo gostava de ir ao cinema. Embora quando eu era novo, houvesse pouco cinema. Havia um piano, e atrás havia um comboio que chegava a uma estação e havia um filme muito celebre que se chamava «O arrozador arrozado».
Depois disso, o António Lopes Ribeiro, que eu tive o gosto de condecorar, fez «O 28 de Maio», em que havia um russo vestido de branco que vendia tapetes, e havia um português que vinha da Rússia para derrubar o Prof. Oliveira Salazar, à bomba.
Também gostei muito do «Ben-Hur», que via sempre que ia inaugurar a árvore de Natal do cinema S. Jorge, que era dirigido pelo sr. Cecil B. de Mille.
Prefiro cinema a cores, porque é o único cinema que dá as verdadeiras cores do mar que são, como se sabe, o azul ferrete e o branco das velas dos barcos à vela" [ibidem]
[O 25 de Abril] "Só soube do 25 de Abril em 26 de Abril. Isto é, escapou-me a data. No dia 24 de Abril tive, por instantes, a percepção de que no dia seguinte seria o 25 de Abril, embora na altura, não lhe emprestasse nenhum significado especial. Significado especial emprestei-lho a 26 de Abril, embora, nesse dia, já fosse tarde." [ibidem]