Notas & Papelada
- Protesto da Sociedade de Geografia a todas as Academias, Sociedades, Institutos e jornaes das suas relações, folheto de 1 pag. c/ data de 13 de Janeiro de 1890, sobre o conflito diplomático entre Portugal e a Inglaterra.
"... Perseguida e extincta a escravatura na costa portugueza da Africa Occidental, os interesses que o trafico infame alimentava procuraram e por largo tempo conseguiram obstar, sob a protecção da politica ingleza, a que a nossa acção civilizadora e o nosso direito soberano lhes arrancasse o ultimo reducto, por uma occupação regular e definitiva dos nossos territórios do Zaire inferior.
Foi exactamente o apresamento, pela auctoridade portugueza, de um navio negreiro na foz d'aquelle rio que suggeriu a formal opposição do governo inglez, já então indignamente mystificado, à nossa occupação d'aquelles territórios..."
- Curiosa biografia de Emídio Navarro, por Adriano Nascimento (ex-secretario revisor da Imprensa da Universidade de Coimbra), datada de 1960, onde é referido que Navarro, fundador do jornal A Académica (c/ colaboração de João de Deus, João Penha, Simões Dias, Emídio Garcia, Teófilo Braga, etc.), jornalista d'O Conimbricense, Correio da Noite, Novidades, Primeiro de Janeiro, militante do partido progressista (de Anselmo Braamcamp Freire e Luciano de Castro), deputado, ministro em Paris, depois Ministro das Obras Públicas, era de um polemista terrível (cita-se, as polémicas que teve com Pinheiro Chagas, Oliveira Martins, António Enes, Eduardo Burnay) que por vezes terminava em cenas pouco edificantes (cena de pugilato com o redactor do Jornal do Comércio, Baltazar Radich). De referir o seu estimado livro, "Viagem à Serra da Estrela".
- Da "Homenagem a Matos Sequeira" pelos Amigos de Lisboa na Casa de Imprensa em 30 de Março de 1955, lê-se: "A maior parte do dia passa-o o Mestre [Matos Sequeira] no seu gabinete dos «Amigos de Lisboa» em Vila Nova de Andrade trabalhando afanosamente; e dali ele contempla, como se estivesse vendo, a Torre de Álvaro Pais ou o Postigo do Conde. Aí pelas Ave-Marias, arruma os seus papéis numa ordem que o não parece, deixa um cinzeiro enorme cheio de pontas de cigarros, e lá vai ele pela rua Larga a baixo meio cosido com a muralha Fernandina, torneja para as Portas de Santa Catarina e logo que chega em frente do Tesouro Velho atravessa a Rua para entrar na «Brasileira» a tomar o seu café e reunir-se com amigos de todos os dias.
A boas horas para jantar, não muito tarde, torna a transpor as Portas de Santa Catarina e espera o eléctrico que vai para o Moinho de Vento. Apeia-se um pouco para lá do Colégio dos Nobres, desce à Fabrica das Sedas e entra em casa que é património da família desde meados do século XVIII".