n. em Boston a 19 de Janeiro de 1809
"'Rancores literários, vertigens do infinito, cuidados familiares, insultos da miséria - diz Baudelaire - tudo Poe sepultava na negrura da embriaguez; bebia não como quem é guloso, mas como quem é bárbaro'
Em Nova Iorque, exactamente na mesma manhã que a revista «Whig» publicava O Corvo, ao mesmo tempo que o nome de Poe passava a andar nas bocas de toda a gente, sendo o poema mais que disputado, ele deambulava pela Broadway a bater às portas e a estrebuchar. Uma tal quantidade de contradições bastaria para não ser preciso ir mais à frente falando de humor: umas vezes ele nasce do choque entre as suas faculdades lógicas fora do normal, a alta estatura intelectual e o brumoso espírito do vinho (O Anjo Bizarro); outras vezes vê-se tenebrosamente nascer nas inconsequências e contradições da condição humana pressentidas em alguns estados mórbidos (O Demónio da Perversidade)" [Edgar Allan Poe, in Antologia do Humor Negro, de André Breton, Fernando Ribeiro de Mello/ Afrodite, 1973]
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