Paul Eluard [1895-1952]
Morre em Charenton-le-Pont, 18 Novembre 1952
"Ela surge - mas só à meia-noite, quando todos os pássaros brancos fecham as suas asas sobre a ignorância das trevas, quando a irmã das miríades de pérolas oculta as mãos na sua cabeleira morta, quando o triunfador se compraz na volúpia dos soluços, cansado das suas devoções à curiosidade, máscara e esplêndida armadura de luxúria. Ela é tão meiga que o meu coração se transforma. Eu temia as grandes sombras que tecem os tapetes do jogo e dos vestidos, tinha medo das contorções do sol ao cair da noite, dos inquebráveis ramos que purificam as janelas de todos os confessionários onde as mulheres adormecidas nos esperam." [Ela surge ...]
"..........
Já não basta o refúgio dos pássaros
Nem a fadiga ou a inércia
A recordação dos caprichos
Na manhã das carícias visíveis
Na madrugada da ausência da queda
Perderam-se os barcos dos teus olhos
Nos limbos das desaparições
O golfo abriu-se os outros que o extingam
As sombras que tu crias não têm direito à noite
.........." [Primeiramente]