HERBERTO HELDER é Português. Poeta da Magia, do corpo, do ser, da poetização da linguagem. HERBERTO é o poeta órfico, sedutor na linguagem, sublime na autenticidade. HELDER ensina-nos a dormir e a respirar, «nos brancos abismos» ... destruídos os textos. HERBERTO HELDER, poeta obscuro, que «todo um corpo é um espelho torrencial com fibras dentro das grutas», é o nosso mito maior, inominável. Poeta do luxo, do «eternamente recomeçado», sabe caminhar entre os escolhos, ensina-nos a voar sobre o abismo. «ÀS VEZES SOU UM ESPELHO ONDE ELA SE CONTEMPLA A PERDER DE VISTA. QUANDO DURMO, TREMEM EM MIM OS DIAS DOS MESES INTELIGENTES».
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"... Os símbolos saem da noite terrena - rápidos e luzentes - referidos como flores ou pássaros, e a mesma noite reabsorve a sua matéria fugitiva. Porque a noite não é terna. Desta noite que fermenta silenciosamente destaca-se o nosso vocabulário, ele já sistema básico de símbolos, pronto para o jogo e o uso apocalípticos. Mexer neste vocabulário é uma incorrência em perigos incógnitos, e nessa aventura (e não nas passagens fotográficas) lavra-se a biografia criminal, e a exposição à morte. (...)
Escrever não afasta; aproxima. Escrever é o pior de tudo. Não há universos linguísticos e extra, custe à universidades. Os ofícios de cabotagem e estiva do significado/significante localizam-se como capítulos dos esforços pela paz de não perceber conforme. (...) Escrever não mostra o que resta, mas o que falta. Para tocar o fundo. Disso se morre, de escrita. Mas nada vale senão morrer. O sentido revelador disto está em que tudo desaparece com cada um. Morre-se para que o mundo morra, e crime e culpa se dissolvam, como se a escrita – morte alheia e própria – fosse uma espécie de exasperada, misteriosa e emblemática regeneração ..."
[Herberto Helder in Profissão: Revólver, & ETC, nº19, Janeiro de 1974]