quinta-feira, 13 de novembro de 2003

O REGRESSO DOS LENTES


"Serás flagelado por estar certo e por estar mal, e dói de ambas as vezes - mas nunca tanto quando a certeza te assiste" [Hunter Thompson]

Entendamo-nos: as revindicações do estudantariado fazem rir. Já antes o dissemos. Mas, a confiar no que é dito, parece que a rapaziada de Coimbra, em recreio prolongado, corre tudo a cadeado, feliz no incêndio dos seus corações. Frenéticos, depois de copiosa noite pela Alta, instalam-se perplexos junto à Porta Férrea, em acampamento suspicaz. Ah! que a poesia se deve fazer madrugando e dar vida por uma ideia, pode ser uma luzidia questão. Anuncia-se, pois, tempos difíceis em Coimbra, que a liberdade pode ser "como uma corrente de ar", mas já não se pode dizer que está tudo por fazer.

Porém, não se trata, aqui, de aceitar ou não a luta dos estudantes universitários, pois não cabe a nós "decretar que é apenas aqui ou ali que ela pode brilhar". Mas somente assinalar o regresso dos Lentes à vetusta Universidade, vindos do aconchego das suas tocas, para dar a lição num corps-a-corps de muita pedagogia, com direito a patrocínio radiofónico e com vários clichés à mistura, à sombra da velha Universidade. Que lição a de João Loureiro, que saudades de Coimbra!

Vede o espectro do lente a pairar sobre a Academia, ali junto à Porta Férrea. Vede o insólito da prelecção do Lente nesta outonal tribuna, sem que se vislumbre qualquer movimento nas bancadas corridas, nem se ouça qualquer manifestação nas coelheiras atulhadas - como garantem os jornais e as rádios. Vede! E nós a estremecer ... de espanto! Que saudade dos mysterios de Coimbra!