Momentus Politikus
[Nota da Presidência] – O senhor Presidente da República falou hoje ao País. Não é pacífica a leitura da comunicação. Argumentam alguns, que Sampaio se está a acautelar contra "tempestades" que aí vêm (Luís Delgado dixit, Mata-Mouros segue atrás. Curiosamente Mata-Mouros na posta pós-comunicação (20.10h) considera que Sampaio "não disse nada de novo, de interessante ou de relevante". Enfim a noite fê-lo reflectir melhor). Ora, estão no seu direito. Aliás será o corolário lógico, o passo seguinte, do infame ataque ao Estado de Direito que, já hoje, se verifica e que alguns tentam esconder, desviando atenções para uma putativa politização do caso Casa Pia. De repente, fazendo tábua rasa de todos os pecadilhos deste processo (porquê será?), fazendo um branqueamento total sobre as fugas de informação havidas e de quem delas é refém, descobriram os nossos preocupados "analistas", que as pressões feitas a figuras institucionais (e dá-se de barato que existiram, para que não se pense coisa diferente) desvela mentes tortuosas e uma conduta ilegítima e, suspeita-se, absolutamente criminosa. Não pondo em causa tal protestatório, apenas se regista que a "coisa" se começa a compor, vislumbrando-se, assim, os reais objectivos políticos desta insana intentona. Mais, lentamente, começa-se a visualizar as doutas cabeças que podem estar por detrás desta manobra diversionista. A TVI sempre atenta, Santana esclarecedor em demasia onde outros, prudentemente, não se fazem ouvir ... diz muita coisa sobre os dias que vão cair sobre as nossas cabeças. Quanto ao discurso de Sampaio, aguarde-se as reacções e ... as próximas deixas jornalísticas. A novela segue dentro de momentos.
[Manuela Moura Guedes, brinde TVI] "Um diabo extraiu-lhe um alfinete da língua, no sítio de onde sai a saliva, e depois um segundo, e a seguir outro e mais outro ainda. Havia alfinetes de todos os tamanhos e feitios, alfinetes de oiro e outro dos vulgares. «Era um maledicente variado», disse o diabo" [Max Jacob]
[Jornais e coisas tais, oferta CM e 24h] "Queira o céu que o leitor, tornado audaz e momentaneamente feroz à semelhança do que se lê, encontre, sem se desorientar, o seu caminho abrupto e selvagem através dos lodaçais desolados desta páginas sombrias e cheias de veneno; pois que, a não ser que utilize na sua leitura uma lógica rigorosa e uma tensão de espírito pelo menos igual à sua desconfiança, as emanações mortais deste livro irão embebedar-lhe a alma, como a água ao açúcar. Não convém que toda a gente leia as páginas que se seguem; só alguns hão-de saborear sem perigo este fruto amargo. Por consequência, ó alma tímida, antes de penetrares mais longe em tais domínios inexplorados, dirige os teus passos para trás e não para a frente ..." [Lautréamont]
[Havia um Procurador, estórias para crentes] "... Primeiro julguei que era qualquer zunzum nos ouvidos como o que às vezes dá a quem se embebeda; vendo melhor, achei que era um barulho parecidíssimo com o que sai de uma pipa vazia quando se lhe dão por cima umas pauladas: era isto e por aqui me teria ficado se, pelo meio, não tivesse também ouvido sílabas e até palavras. Como , por temperamento, não sou nervoso e como os tais copos de laffitte que tinha estado a bebericar não me davam entusiasmo suficiente para me mexer de onde estava, não me impressionei ... Limitei-me só a olhar à volta da sala a ver se via o intruso, mas sem ter alma de ver fosse o que fosse ..." [Edgar Allan Poe]
"As coisas são simples.
Claro claro - disse o segundo -
porque não podiam ser doutro modo.
Mordes o pão
a faca brilha
o sol entra pela janela
gritam na rua
a vendedeira de fruta o pescador o amola-tesouras
cada um com sua voz
o terceiro com o silêncio.
Eu escuto" [Giánnis Ritsos]
[Ao Escuta, pela contribuição para a teoria do sinal]